"Têm boca, mas não falam..." (Salmo 115:4)
Uma das características dos ídolos feitos em imagens de escultura é ter boca, mas não falar. A capacidade de se cominicar através da fala é fundamental nas relações humanas e espirituais de todos nós. Comparando com os outros seres viventes, só nós, humanos, temos essa capacidade. Pessoas mudas e(ou) surdas se comunicam através de uma linguagem não verbal, ou seja, a linguagem por sinais.
Toda criança nasce com a fala ainda não desenvolvida. Segundo estudos de linguística, ela já nasce com estruturas gramaticais predefinidas no seu cérebro, o que chamam de gramática universal. Então, independente da língua, a criança irá desenvolver naturalmente a fala sem grandes esforços. O contato com o meio ajuda nesse desenvolvimento, mas é só uma ajuda mesmo, porque toda a estrutura complexa da fala já está na criança desde sempre.
A fala é algo divino. Aquilo que fazemos tão naturalmente é algo magnificamente elaborado por Deus. Num processo de comunicação verbal existem os integrantes, que são: o emissor (falante ou locutor) é aquele que transmite a mensagem; o receptor (ouvinte ou destinatário) é aquele recebe a mensagem transmitida pelo emissor; o código (conjunto de sinais) é a língua que faz com que a mensagem seja clara para quem ouve; e a mensagem (objeto da comunicação) que é o assunto tratado na comunicação entre o emissor e o receptor. Assim nos comunicamos de forma verbal.
A Bíblia diz que tudo que foi criado é para a glória de Deus. Sendo assim, se Deus nos dotou da capacidade de falar, é evidente que a nossa fala seja, sobretudo, para glória do Senhor. Não é verdade? Imagens de escultura não glorificam a Deus através da fala, pois não podem falar.
Porém, nós temos boca e podemos falar. E falamos... como falamos. Nossa geração não sabe ouvir, por isso fala o tempo todo e sobre tudo. As redes sociais estão cheias de falantes. De repente, todo mundo passou a ser PHD em tudo o que é assunto. Falamos sobre política, ciência, medicina, economia e etc. Falamos muito sobre Deus também. Nossa! É Deus para lá, Deus para cá. Jesus é isso, Jesus é aquilo. Falamos, falamos, falamos e não transmitimos nada, nadinha.
Então não é sobre a capacidade de falar e se comunicar, mas é sobre a capacidade de transmitir. Deus não nos criou seres faladores, mas seres transmissores de algo. A língua tem a mesma capacidade de matar e de salvar; de abençoar e amaldiçoar; de exaltar e humilhar; de curar e também ferir. Então, não basta falar muito, mas o que sair da sua boca tem que ter substância, tem que ter vida (Tiago 3). Sem isso é como se fossemos mudos no mundo espiritual. E isso não tem nada a ver com a pessoa pacata que pouco fala. Se o pacato no pouco que fala transmite vida na sua fala, ele vale mais que um extrovertido que muito fala e nada transmite.
Se alguém compartilha conosco algo que a aflige profundamente, essa pessoa espera que transmitamos para ela algo que a console, a encorage, a levante. Então não adianta vir com o mesmo discurso de sempre de que "vou orar por você ", "eu sei o que você está passando", "seja forte", essas coisas. Quando fazemos assim, não passamos de imagens de escultura de nós mesmos, sem capacidade alguma de transmitir algo. Se a sua fala não glorifica a Deus, é melhor calar-se.
Deus nos chamou para sermos proclamadores do seu Evangelho. Proclamar significa: declarar efetivamente, afirmar, asseverar (dicionário). Imagens de escultura nada proclamam. Nos tornamos esculturas de nós mesmos quando não proclamamos o Evangelho da Salvação. Sabemos que não é fácil, mas Deus nos deu a solução lá atrás quando os discípulos tiveram a mesma dificuldade: "Porquanto, naquele momento, o Espírito Santo vos ministrará tudo o que for necessário dizer." (Lucas 12:12). Entenda, Deus nos deu a capacidade de falar para falar através de nós ao mundo. Quando o próprio Deus fala através de nós, a Palavra se torna irresistível ao receptor, como está em Atos 6. 9 e 10: "E, estes homens começaram a discutir com Estevão; contudo, não podiam resistir a sabedoria e ao Espírito com que ele argumentava.". A fala é uma arma de Deus ao nosso favor.
Então, meus irmãos, não permitam se tornarem esculturas de si mesmos, antes, que a sua boca seja instrumento de Deus para transmitir vida ao mundo. Você não foi chamado para ser um receptor somente nesse processo de comunicação, mas, sobretudo, transmissor de boas novas. Seja!
O processo de "esculturalização" é sútil e imperceptível. Então examine a si mesmo e veja no que você se tornou: em um proclamador de boas novas como Jesus, ou como os ídolos feitos de gesso, que têm boca, mas não falam.
Deus te abençoe.