terça-feira, 29 de junho de 2021

Pai Nosso - Teu Reino, Tuas Regras


"Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu."

(Mt 6:10)


A oração que conhecemos como "Pai nosso" tem infindáveis ensinamentos sobre a nossa relação com o Pai celestial. Mas, esta parte que vamos falar hoje, para mim, é a mais impactante de todas. É o momento em que o filho se entrega por completo ao Pai em obediência e dependência. 

Quando dizemos "venha o teu reino", nós estamos afirmando "vou me submeter ao seu método". A partir do momento que permitimos que o reino Dele entre no nosso, é sinal que estamos dispostos a abrir mão do nosso jeito para que seja feito do jeito Dele. É sobre isso que Jesus está falando em "venha o Teu Reino". 

É certo que quando somos crianças, não entendemos muito a vontade dos nossos pais. É difícilentender porque aquilo que parece tão bom, precisa ser algo proibido ou restrito. Porém, quando chega à maturidade, percebemos que os nossos pais só queriam o nosso bem e sabiam o caminho. Quando batemos o pé e não fazemos a vontade de Deus, não passamos de crianças ou adolescentes imaturos que só pensam que o pai não os ama, ou coisa parecida. Para entendermos a vontade de Deus, precisamos evoluir. Como diz Provérbios 1.22: "Até quando vocês, inexperientes, irão contentar-se com a sua inexperiência?". 

A vontade de Deus é boa, agradável e perfeita, como diz Paulo em Romanos 12:2. Sabendo disso, é impossível fazer algo para Deus e isso ser pesado e sacrificial. A não ser que a nossa vontade não esteja alinhada com a vontade de Deus. Aí a gente precisa passar por um processo indispensável de alinhamento de vontades, ou seja, é a transformação da nossa vontade na vontade Dele. 

Não é simplesmente entender o que Deus quer e obedecê-lo, mas passar a querer o que Deus quer, desejar o que Deus deseja. Então, não é só um cumprimento de regras, onde o filho sabe que o Pai tem o melhor caminho. Mas, o prazer em fazer essa vontade. As coisas se tornam menos pesadas depois disso. 

Porque, convenhamos, é terrível fazer sempre algo que não queremos. Uma hora a gente cansa. Quando as coisas para Deus são sempre penosas, a gente tem que entender que está havendo um conflitos de vontades, e esse se conflito só se resolve de uma forma: conversão da nossa vontade. Por isso Jesus pede isso em oração ao Pai, porque nós, seres pecadores e carnais, tendemos a não entender a vontade de Deus justamente por Ele ser Santo e nós pecadores, por Ele ser do céu e nós da Terra. Esse deve ser o nosso clamor ao Pai. Além de pedir para ser feita a vontade do Pai, precisamos entender que precisamos amar sua vontade. 

Quando amamos a vontade de Deus, podemos falar como Jesus: "minha comida é fazer a vontade do meu Pai" (João 4:34). A comida, primeiramente, é algo necessário para nos mantermos vivos. Sem comida perecemos. Como diz a sabedoria popular: saco vazio não para em pé.

Além de nos manter vivos, a comida também nós dá prazer. Comer é um dos prazeres da vida. Como é satisfatório comer bem, em um lugar legal, com uma companhia agradável. Então, se a vontade de Deus é comida, ela é necessária e prazerosa. Longe de ser enfadonha e sacrificial, como muitos pensam. 

Mesmo que carreguemos a nossa cruz, que sejamos privados de algumas coisas e até perseguidos por causa do nome de Jesus, nada disso será um peso, quando entendemos e amamos a vontade do Pai. 

Paulo entendia isso e se alegrava nas tribulações. Ora só, alegria e tribulação não podem estar na mesma frase quando olhamos pela ótica humana. Mas, quando essa tribulação é consequência da vontade de Deus, então eu me alegro até nela. Venha o Teu Reino! 

Quando amamos a vontade de Deus, nós abraçamos aquilo que quase ninguém abraça e apartamos aquilo que quase todo mundo abraça. O homem natural não compreende a vontade de Deus. Por isso da necessidade de conversão. Muitos não se convertem e criam um Deus segundo a sua própria vontade. O que não faltam é igrejas para receber essas pessoas. Essas igrejas incentivam a crença de que Deus realiza os nossos desejos, quando na verdade é o contrário. Nós devemos amar e realizar a vontade de Deus, a vontade do nosso Pai. Um deus que vive para satisfazer a vontade do homem não é o Pai a quem Jesus nos ensina a orar, é um ídolo criado pelo próprio homem. 

A verdadeira paz só é possível quando estamos alinhados com a vontade do Pai. Como diz Paulo: "a paz que excede todo entendimento" (Filipenses 4:7). Sabe por que? Porque não entraremos em desespero em momento nenhum, pois descansaremos na vontade do nosso Pai. Quando clamamos "Venha o teu reino. Seja feita a tua vontade!", nós estamos dizendo que abrimos mão da nossa vontade (se ela for contrária a do Pai), para descansarmos na Dele. É sobre isso que Jesus nos ensina nessa oração: Deus, o nosso Pai amado, tem o melhor para nós. E fazer a sua vontade não precisa ser um peso, quando a nossa vontade se alinha com a Dele. 

Jesus pede para que a vontade do Pai seja feita na terra, como é no céu. Isso diz muita coisa. No céu não há espaço e nem possibilidade de haver outra vontade, senão a de Deus. Nenhum habitante do céu tem a pretensão nem o desejo de fazer algo difetente. A plena consciência que há no céu, ainda não nos dominou por completo. Lá, não tem ego humano, desejo de ser reconhecido, brigas por status. Lá não. Todos entendem que a vontade de Deus é soberana. Então, Jesus ora ao Pai pedindo para que seja assim na Terra também. Mas, como já dissemos tanto, aqui na Terra o Pai nos dá total liberdade para escolher, mesmo que essa escolha seja péssima. Para que a vontade do Pai seja feita na Terra também é necessário que o homem deseje isso. É necessário que o reino Dele venha e se estabeleça entre nós. Então, nesse ponto, aqui será como no céu. Entenda essa verdade: quando fazemos a vontade do Pai, nós transportamos o céu para a Terra.  

O Reino é Dele, portanto, a vontade também. Que venha! Esse deve ser o nosso clamor e nosso anseio todos os dias. Não o meu reino (onde eu governo), não a minha vontade, mas a Dele. Filhos verdadeiros do Pai, que está no céu, oram dessa forma até que esse reino se estabeleça por completo dentro de nós. 

Então, entendendo isso, passe a orar dessa forma: "Pai, eu como filho, digo que a sua vontade é mais importante que a minha. Aliás, que a minha vontade seja a mesma que a Tua. A ponto de não haver mais divergências entre nós. Assim como no céu, os anjos amam a tua vontade e todos os seres celestiais,  assim seja aqui na Terra. Eu sou um ser carnal e pecador e Tu és Santo e perfeito. Que eu não seja seduzido em nada que seja contrário à sua vontade perfeita.". 

Que não seja só uma oração, mas um lema de vida.

Que Deus te abençoe.  

segunda-feira, 21 de junho de 2021

Pai Nosso - Honrar Teu Nome

"Santificado seja o teu Nome." (Mt 6:9b)

Ao se dirigir ao Pai em oração, o filho tem que ter a dimensão de quem é o seu Pai. Nosso Pai é Santo e Seu Nome deve ser santificado. O que significa isso? É um pouco difícil a gente entender plenamente essa questão do nome, pois, no passado, o nome de uma pessoa tinha muito valor. O nome é a identidade do homem e honrá-lo era um dever. 

Hoje não há tanto essa preocupação. Sujamos o nosso nome com dívidas, colocamos o nosso nome em causas que não convém, não fazemos questão de ter o nosso nome preservado através de atitudes pacatas e discretas. Nosso nome anda por aí, na boca de todo mundo, nas redes sociais, inserido em qualquer contexto. Não temos essa preocupação, pelo menos muitos de nós não têm.  

Nós, como filhos, carregamos o nome do nosso pai. Na antiguidade, quando não havia sobrenome, o que diferenciava uma pessoa da outra era o nome do pai. Por exemplo: João e Tiago, filhos de Zebedeu, Simão, filho de João, Davi, filho de Jessé, Jesus, filho de José, ou então com um prefixo "Bar" na frente do nome, como: Bartimeu, filho de Timeu, Barjonas, filho de Jonas. E por aí vai...

Hoje, na sociedade moderna, nós temos o sobrenome do nosso pai. Meu filho se chama Lucca Ferreira, eu me chamo Fabrício Ferreira, meu Pai Agostinho Ferreira e meu avô Antônio Ferreira. Nós ainda pertencemos a uma sociedade que chamamos de patriarcal. É uma herança dos tempos antigos, onde o nome tinha um significado muito grande, e o Pai tinha essa reaponsabilidade de preservá-lo santo. Sendo assim, a preservação de um nome limpo e imaculado era importante não só para aquela pessoa, mas para a sua descendência. 

Um dos mandamentos que nós não damos muita importância, é o 3o mandamento da lei de Moisés:

Não pronunciarás em vão o Nome de Yahweh, o SENHOR teu Deus, porque Yahweh não deixará impune qualquer pessoa que pronunciar em vão o seu Nome. (Êxodo 20:7)

O judeu tinha essa reverência com o nome de Deus. Então, quando eles se referiam a Deus, eles usavam a expressão "Adonai", que significa Senhor. Eles jamais pronunciavam Yahweh, que era o nome dado por Deus a si mesmo, que significa "Eu Sou". É um costume que perdemos com o tempo e que é um mandamento do próprio Senhor, não usar seu Nome em vão. 

Da mesma forma que eu disse no último texto que o respeito exagerado atrapalha a intimidade, a falta dele é ainda pior. Nós ouvimos falar de Deus o tempo todo, dos púlpitos das igrejas aos púlpitos de políticos. O nome do Senhor virou slogan de político, propaganda de marketing de negócio, adesivo de carro, legenda de foto no Instagram. O nome santo do Pai nunca foi tão banalizado como está sendo nos nossos dias. É Deus pra cá,  Deus pra lá, Jeová faz isso, Jeová faz aquilo, Jesus queima isso, Jesus queima aquilo. Quanta banalidade com o Nome Santo do nosso Pai. Chega a dar nojo. Nunca se falou tanto no Nome do Senhor, também nunca se desrespeitou tanto esse Nome. O Nome do nosso Pai está longe de ser santificado no nosso meio. Se você tem essa mania, pare imediatamente. A igreja precisa de uma chacoalhada urgente. Mas, graças ao nosso Pai, hoje, nós estamos sendo repreendidos através desse texto. Um bom filho ouve, reflete e muda. Chega de tanta banalização com o Nome Santo do nosso Pai!

Nós, que através da fé em Cristo, nos tornamos filhos do Pai de Jesus, carregamos conosco esse nome poderoso. Não sei se vocês sabem, mas nosso sobrenome mudou quando começamos a seguir Jesus. Agora, seu sobrenome é Filho de Deus. Assim sendo, Célia, seu nome agora é Célia Filha de Deus, do Antonio é Antônio Filho de Deus, da Fernanda é Fernanda Filha de Deus. Todos nós somos irmãos porque carregamos o mesmo sobrenome, carregamos o Nome do nosso Pai. Que felicidade, mas que responsabilidade também.  

A oração que Jesus nos ensinou diz: " santificado seja o Teu nome", então, nós podemos perguntar: "como o Nome do Pai pode ser santificado?". A resposta é: através dos filhos, aqueles que carregam esse Nome. Nós temos a responsabilidade de manter esse nome santificado no nosso mundo através do nosso testemunho de vida. Quando pecamos, o Nome do nosso Pai é desonrado através de nós. Quando temos uma conduta santa e irrepreensível, o Nome do nosso Pai é honrado.

A nossa maior herança não é ter um Pai todo poderoso que pode tudo, mas ter o Nome Dele em nosso nome. O filho pródigo tinha direito à herança do seu pai rico, mas não fez questão de ter seu nome. Então, ele matou o pai em vida, na sua vida. É como se ele dissese: "ter teu nome me deu o direito de ter parte da tua herança,  mas agora que a tenho, não preciso de mais nada seu. Nem seu nome". 

Ao orar sempre diga: "Pai, que teu nome seja santificado através da minha vida.". Esta é uma preocupação e ambição de um filho autêntico do Pai celestial: Glorificar, santificar e honrar esse Nome Santo que temos o privilégio de carregar.

Que Deus te abençoe!

terça-feira, 15 de junho de 2021

Pai Nosso - Aba Pai



"Pai nosso, que estás no céu!"(Mateus 6:9)

A primeira grande revelação que temos nesta oração está no início dela. Ouso dizer que é a informação mais importante, pois toda a oração girará em torno disso: O Deus, que está no céu, é o nosso Pai! 

Estudiosos dizem que Deus se autodenomina de 250 formas diferentes. Algumas delas mais conhecidas como: Senhor, Eu Sou, Todo Poderoso, Altíssimo, Santo, Senhor dos Exércitos, Criador, entre outras. Porém, Jesus nos traz essa faceta que muitos não conheciam na época, o Deus que é Pai. Ele é nosso Pai. E é ao Pai que nos dirigimos nessa oração.

Jesus poderia dizer para os seus discípulos orarem com temor e tremor, porque, ao orarem, eles entrariam na sala do trono onde o Rei dos Reis está assentado no seu trono com o seu cetro de justiça na sua destra. Onde os querubins se apresentam para serví-lo e os seres celestiais cobrem os seus olhos por não aguentarem olhar para tamanha glória que resplandece do seu trono. Jesus não falou nada disso. Não que Deus não seja isso, mas, nesse palácio real, o Rei é o nosso Pai. Então basta você chegar no seu quarto, fechar a porta e chamar pelo seu Pai. 

Diferente da imagem que se tinha de Deus no Antigo Testamento, Jesus eleva a nossa relação com Deus para a relação de Pai e Filho. Ele quebra todo um paradigma que foi criado sobre um Deus tirano que pune aqueles que não o obedecem, para uma Pai que perdoa e ensina com mansidão. Esse é a primeira e grande revelação desta oração. Um pai de verdade, que te ama pelo que você é, não pelo que você faz. Todo pai quer ver no filho a verdade e a sinceridade sempre, mesmo que isso o leve a pecar. Um pai de verdade não abre mão de um filho, mesmo que esse não o queira mais. Ele sempre estará de braços abertos esperando o filho voltar.

O excesso de temor e tremor termina causando uma ruptura na intimidade. Temor tem que gerar respeito e admiração, mas nunca medo e distanciamento. Existe uma linha tênue que separa o temor (medo) do temor (respeito). Há não muito tempo atrás, os filhos tratavam os pais como a Senhores. Por um lado tinha o respeito, mas por outro era uma relação mais de medo do que de amor. Mais de respeito do que de intimidade. Mais de servidão do que de companheirismo. 

Era comum o pai dizer ao filho: "eu não sou teu amigo, sou teu pai!". Como se ser amigo do filho fosse uma falta de respeito. O autoritarismo nos fez ver Deus de uma forma equivocada. Nós, na figura de pais, temos fixação exagerada pelo respeito. Impor limites está em primeiro lugar. Dizemos: "imponho limites porque amo", pode ser verdade, mas nada pode estar na frente do afeto e do companheirismo. Senão, ao invés de pai, você termina virando um chefe do seu filho. Precisamos ensinar, mas antes cuidar. Precisamos disciplinar, mas antes conversar. Precisamos negar, mas antes dar exemplo. Nunca, em hipótese alguma, nossos filhos têm que nos ver como tiranos, alguém que se deve ter medo. Se essa é a imagem que passamos, falhamos miseravelmente.

Diferente dos nossos métodos falhos de educação, Deus nos trata como filhos livres. Ele em nenhum momento nos impõe o medo a Ele. O Pai trabalha com a didática da liberdade e da consequência dos atos. Diferente de nós, Deus permite que quebremos a cara, se essa for a nossa escolha. O que Deus não abre mão é de nos ensinar. Ele ensina quantas vezes for preciso, principalmente quando a gente quebra a cara.

Jesus não disse àqueles homens que eles precisavam ser perfeitos para chamar Deus de Pai. Ele é Pai, independente se somos fiéis ou não. Mas para sermos filhos, precisamos receber Jesus como irmão. Essa é a única exigência. Está lá em João 1.12: "Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, ou seja, aos que crêem no seu Nome". Crer em Jesus nos faz filhos do Pai de Jesus.

O filho pródigo (Lucas 15: 11-32) era rebelde, mas nunca deixou de ser considerado filho. Embora seu comportamento fosse de herdeiro somente. Alguém que tem direitos. Ele não estava interessado no amor do Pai, mas nas riquezas que ele possuía. Então, como herdeiro, pediu suas contas e foi embora. O Pai não se opôs. A imposição não é o método do Pai. O Pai poderia obrigá-lo a ficar, ameaçá-lo, mandar seus homens impedí-lo, mas, embora seja uma decisão dura, deixá-lo ir é a decisão mais paternal possível. O amor é fruto da liberdade. O amor não se obriga, o amor se desenvolve livremente. 

Entretanto, deixá-lo ir não significa virar as costas para o filho ou ignorar sua existência. Não, mesmo de longe o Pai está atento ao que acontece com o filho, mas respeitando a decisão do mesmo. Existe um conto que é mais ou menos assim:

"Havia um filho único, que sempre vivera e dependera dos pais. No entanto, ele cresceu e decidiu estudar em outra cidade. Para isso, ele deveria morar lá e se virar sozinho. O pai, meio contrariado, conversou com a mãe e eles concordaram em deixá-lo ir. Chegando o dia do embarque, o pai estava com o coração em pedaços na estação de trem da cidadezinha que eles moravam. O filho, também com o coração doído, mas muito determinado no que queria, entrou no vagão e foi em busca dos seus sonhos. Ele nunca havia saído sozinho e esse caminho era cheio de ladrões e aproveitadores. Como perceberam que ele estava só e com uma aparência um pouco tímida, os bandidos logo o abordaram e levaram tudo que ele tinha: o bom dinheiro que o pai lhe dera, recordações de sua casa, livros da universidade, enfim, levaram tudo. A sua única reação possível foi abaixar a cabeça e chorar. Então, de repente, uma mão tocou em seu ombro e lhe disse com voz mansa: 'Filho'. O jovem logo reconheceu aquela voz e viu que era seu pai. Então ele disse: 'Pai, o que o senhor faz aqui?'. O pai lhe respondeu: 'Meu filho, eu estava o tempo todo no último vagão te observando de longe. Eu não posso evitar que você crie asas, mas posso estar sempre por perto, ainda que você não perceba.'"

O filho pródigo livremente foi embora e livremente voltou. Percebeu sozinho que havia sido injusto com o Pai e que nunca tinha sido filho de verdade. Descobriu que nada era mais valioso do que ser filho daquele homem, nem mesmo suas riquezas. 

Muitos não voltam, eu sei. É o risco divino. Porém, muitos estão na casa do Pai sem ser filhos de verdade, só fazendo figuração. Ou pior, abusando da bondado do Pai. Esses são como se não estivessem. Ser filho não é somente carregar o nome de alguém ou morar em uma mesma casa. Ser filho é ter uma relação mais que sanguínea, mas uma relação de intimidade sem par. 

Encurte a distância entre Deus e você. Não precisa ter tanto medo Dele. É sobre isso que Jesus está falando quando nos ensina o "Pai nosso". Ele é nosso. Cabe a nós sermos Dele. Afinal de contas, quando todos nos viram as costas, não é para o o nosso seio familiar corremos? Mas além deles, nós também temos um Pai no céu que quer nos acolher. Não só nos momentos de aperto, mas em todos os momentos. Os braços do Pai estão abertos para te receber, seus ouvidos atentos para te ouvir e suas mãos estendidas para te afagar. Como você vê Deus? Veja como Jesus, Ele conhece o Pai e nos mostra o caminho. 

O Senhor Jesus veio ao mundo para dar exemplo de filho, não só de Mestre e Senhor. Nós vemos, não só nessa oração, mas em toda a sua vida, ele dando exemplo de como ser um bom filho para o Pai celestial. Dava pra citar inúmeros textos dele falando do Pai e com o Pai nos evangelhos. Quem lê sabe disso. Aprenda com o Mestre, sobretudo, a ser filho. Ele é o exemplo perfeito.

Existem muitas formas de vocês verem a Deus. Eu escolho a forma que Jesus nos ensinou, a de Pai. E você, qual a forma que você prefere?

Que o Pai te abençoe! 

terça-feira, 8 de junho de 2021

Pai Nosso - Introdução


 

"Por essa razão, vós orareis: Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu Nome. Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dá-nos hoje o nosso pão diário. Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores. E não nos conduzas à tentação, mas livra-nos do Maligno. Porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém."

(Mateus 6:9)

O "Pai Nosso", a oração que Jesus nos ensinou, é um modelo ideal para aqueles que querem se relacionar com o Deus Todo Poderoso. Em uma nova série de textos, vamos tentar esmiuçar cada parte dessa oração e o que Jesus quis nos ensinar através dela. 

Primeiramente, antes da oração em si, Jesus nos ensina a como encarar um momento de oração (Mateus 6: 5 - 9) . Ele usa o exemplo dos religiosos daquela época que faziam questão de mostrarem que estavam orando nas sinagogas e nas esquinas. Isso dava uma espécie de status a eles que queria ser vistos como homens de Deus. A estes, Jesus chama de hipócritas. 

A verdadeira oração deveria ser feita, de preferência, em oculto, no silêncio do quarto e individualmente. Assim, nosso Deus que vê o que está em secreto, nos recompensará só por este ato. Isso mesmo, Jesus fala em recompensa para quem tem uma vida de oração humilde e discreta. Ou seja, a oração é um artifício e uma conduta tão valiosa, que muitos usam dela para ganhar status. O capítulo 6 todo de Mateus fala sobre ter uma conduta humilde e dependente diante de Deus. Por isso ele fala de recompensa, tanto para quem dá esmola em oculto, quanto para quem ora em oculto e para quem jejua em oculto. A nossa relação com Deus tem que estar pautada na humildade, e em uma conduta discreta e sem alarde. Se o seu irmãozinho faz questão de mostrar que é crente demais, saiba que a recompensa está reservada para quem segue a Deus discretamente, mas com verdade. Porém  entenda discreto não como omisso, mas como quem não quer usar do nome do Senhor para auto promoção. E essa é disparado a nossa maior fraqueza: a auto promoção. 

Jesus também fala sobre uma oração mecanizada, cheia de repetições, como faziam os pagãos. Ele desburocratizou a oração. Nada mais melancólico do que uma oração robotizada e sem verdade. Deus não é movido por repetições enfadonhas e sim por um coração quebrantado e contrito. 

Jesus também diz que o Pai conhece nossas necessidades antes mesmos de falarmos qualquer coisa. O que me chama a atenção é que mesmo Ele sabendo das nossas necessidades, nossa Pai faz questão que nós, filhos, nos apresentemos perante ele em oração. Sabendo disso, a oração não é simplesmente para colocar Deus a parte das nossas necessidades, porque Ele já sabe. Mas para cultivarmos uma relação de Pai e filho. A relação é mais importante do que o que será dito. Mesmo sendo onisciente, Ele faz questão que abramos o nosso coração. Sem oração a gente não sobrevive espiritualmente. E, sem ela, não existe Pai nem filho, e sim, estranhos. 

A oração que Jesus nos ensinou não é para ser repetida, mas para servir de modelo. Nela sabemos quem Ele é: Pai ("Pai nosso"), Santo ("Santificado seja o teu Nome"), Rei ("Venha o teu Reino"), Senhor ("Seja feita a Tua vontade"), Provedor ("Dá-nos o pão de cada dia"), Misericordioso ("Perdoa-nos às nossas dívidas), Protetor ("Não nos deixe cair em tentação, mas livra-nos do mal"), Todo Poderoso e Eterno("Teu é o reino, o poder e a glória para sempre"). E quem nós somos: Filhos, pecadores e dependentes. É sobre isso que Jesus nos ensina nessa oração. 

Nessa oração tudo é Dele e para Ele (o reino, a vontade, o pão, o perdão, o poder e a glória). E o que é nosso? Bem, nosso é "só" o Pai. Ele é nosso, o "Pai nosso". Então temos TUDO também! 

Jesus não nos ensina somente a orar, mas Ele dá uma aula de como é o relacionamento de Pai e Filho, quando esse pai é Deus. Jesus viveu esse relacionamente o tempo todo enquanto esteve aqui, e ainda que ele não ensinasse uma frase dessa oração, nós a saberiamos através da Sua conduta com o Pai. Essa oração é um presente nos dado por Jesus, e nela contém tudo o que um filho precisa saber para lidar com esse Pai tão maravilhoso. 

Nos próximos textos trataremos com muito zelo e cuidado de cada parte dessa oração. Que o nosso Pai nos inspire e fale através de nós nesses dias. Amém! 

terça-feira, 1 de junho de 2021

Esculturas de Nós Mesmos - Têm Pés, Mas Não Andam





"têm pés, mas não caminham" (Salmo 115:7)

Esta é a última característica dos ídolos feitos em imagens de escultura: terem pés e não andarem. Como em todas as outras características citadas nessa série de textos, a imagem de escultura visivelmente têm todas as características humanas, mas não pode fazer nada, porque não passa de pedra, barro ou qualquer outro material. Mas, estranhamente, notamos no ser humano, que têm e pode utilizar de todas essas características, a recusa de utilizá-las. Portanto, têm olhos, mas se recusam a ver; têm ouvidos, mas se recusam a ouvir; têm boca, mas se recusam a falar/transmitir; têm mãos, mas se recusam a tocar/sentir; têm nariz, mas se recusam a cheirar; e, têm pés, mas se recusam a caminhar (leiam os textos anteriores). É uma geração de humanos com graves problemas de saturação cognitiva, ou seja, quando as nossas características básicas, que nos fazem humanos, são petrificadas.

E é bom ressaltar que esse estado, embora muitas das vezes físico, está mais relacionado com o nosso comportamento emocional e espiritual do que propriamente físico. Isto é, existem pessoas no nosso meio que fisicamente não podem falar, ver, ouvir, cheirar, sentir e a caminhar. Entretanto, "falam, vêem, ouvem, cheiram,  sentem e caminham" muito mais do que pessoas sãs fisicamente. Vocês podem compreender isso? Não é uma questão física, é de essência, é espiritual. 

Diferente das imagens de escultura, nós temos a capacidade de agir e reagir. A ação é fundamental na vida humana, pois quando se vive uma vida inerte a gente não evolui. O mundo não aceita os inertes. Em sua seleção natural, a humanidade rejeita quem não produz. Seja no mercado de trabalho, na vida acadêmica, num relacionamento amoroso ou num time de futebol, o inerte não resiste. Ele é engolido pelos que agem, pelos que se movem. Tornam-se não somente desprezíveis, mas, sobretudo, um obstáculo. Imagine você querendo chegar a algum lugar e aqueles que estão contigo simplesmente estacionam na sua frente. Você tem duas opções: você os tira de lá ou você para junto com eles. Sabemos que não é tão simples assim, mas se a inércia parece irreversível, é melhor optar pela primeira opção. Senão o inerte pode ser você agora. Como dizem por aí,  a preguiça e o conformismo só vem antes do sucesso no dicionário. 

Mas esse não é um assunto pra te motivar a ser uma pessoa ativa e bem sucedida nesse mundo competitivo somente. Não, não...esse é um assunto extremamente espiritual também.  A Bíblia nos mostra de gênesis a apocalispe atitudes que moveram o mundo. A começar pelo próprio Deus na criação do mundo em seus "Haja!". Certa vez Jesus disse aos judeus que o questionavam sobre uma cura no sábado: "Meu Pai continua trabalhando até agora, e eu também estou trabalhando." (João 5:17). Da mesma forma o homem teve que desde sempre cultivar o jardim, pois Deus nos criou para a ação. 

Não existe benefício algum no mundo espiritual para o inerte. Por isso, Jesus faz questão de ver duas atitudes básicas em seus seguidores: Vinde e Ide. Não existe vida com Deus sem essas duas ações. Jesus diz em primeiro lugar: "Vinde a mim todos os que estais cansados de carregar suas pesadas cargas, e eu vos darei descanso." (Mateus 11:28). Jesus está disposto a nos receber e aliviar nossa bagagem, mas a ação parte de nós. Podemos ficar comovidos com o convite e até mesmo gratos, mas se não formos diante dele e não depositamos nossas cargas, nada acontecerá. O inerte pode ser a pessoa mais emotiva e grata do mundo que vai continuar sendo um inerte. Em segundo lugar Jesus diz: "Portanto, ide e fazei com que todos os povos da Terra se tornem discípulos, batozando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo." (Mateus 28:19). Jesus não abre mão de discipulos ativos. Para que outros conheçam o amor de Deus, Ele nos enviou para fazer esse anúncio. Não existe inércia no Reino de Deus. Ele nos chama, nós vamos. Ele nos envia, nós vamos. Imagens de escultura têm pés, mas não caminham, porque não podem. Nós temos a capacidade de agir e não agimos, nos tornando como tais imagens. 

Mas existe uma relação ainda mais estreita com Deus do que cumprir o "vinde" e o "ide". Esse relação se baseia no movimento que fazemos em direção ao próximo. Deus é experimentado por nós quando nos movemos em direção ao outro. Se o foco do evangelho somos nós mesmos, somos tão inertes quanto uma imagem de escultura. Podemos até correr no mundo em busca das nossas realizações, mas no Reino de Deus não saímos do lugar. 

Jesus se define como o "Eu Sou o caminho". Se ele é o caminho, nós devemos andar Nele. E só andaremos nele, se formos como Ele. Então, se estamos em Cristo, estamos caminhando Nele. Se estamos parados, não percorremos o caminho e não estamos Nele. Evangelho é trilhar o caminho que é Cristo. Evangelho é movimento,  e qualquer coisa que se assemelhe a inércia, não tem nada a ver com Cristo. 

Jesus curou algumas pessoas com limitações de locomoção. Esses não podiam se mover mesmo. Queriam se mover, mas não podiam. Vocês conhecem a história do homem que Jesus curou no tanque de Betesda, ele foi enfermo por 38 anos, segundo João 5. Jesus se compadeceu daquele homem porque, além do seu estado, ele se queixava que ninguém o colocava no tanque para ser curado. É como se ele dissesse: "Eu queria ter pelo menos um pouco de capacidade de me lançar naquele tanque, mas eu não tenho. Eu preciso que alguém são me coloque lá, mas eles não querem". Ali havia uma queixa de um inerte por condição sobre outros inertes por opção. Por isso Jesus se compareceu. Ninguém ali naquela multidão se compareceu daquele homem, nem os enfermos que podiam se locomover e nem os acompanhantes. É duro contar com inertes quando se precisa de ajuda, eles simplesmente te ignoram. Certamente, entre os enfermos, havia quem podia ajudar, mesmo com suas limitações. Alguns podem até ter pensado em ajudar, mas a sua própria cura era mais importante. 

Todos nós nos colocamos diante do tanque em algum momento da nossa vida. Nos movemos em direção a cura ou a solução do nosso problema, mas esquecemos que nesse mesmo tanque existem outras pessoas piores que nós, que poderiam ser acudidas por nós. Para isso, somos mais inertes que elas. Quando a ação só beneficia a nós mesmos, enquanto outros dependem da nossa ajuda, a ação é vã e é mais imóvel que uma montanha. Ali Jesus ensina que o inerte não era aquele homem, mas aqueles que podiam ajudar e não ajudaram. Com isso, aprendemos que mesmo doentes e limitados, sempre podemos contribuir de alguma forma. Quando a nossa limitação nos faz olhar só pra ela e nada mais, ela nos paralisa. Não há limitação permitida por Deus em nossas vidas que nos farão parar. Sempre haverá um alvo para a nossa ação. 

Para Jesus existem dois tipos de pessoas somente: aqueles que no dia do juízo ouvirão "Vinde benditos de meu Pai" e os que ouvirão "apartai-vos de mim porque eu não vos conheço". O mesmo Jesus que diz "vinde", diz "apartai-vos". Depende do tipo de ser humano que está diante dele. E Mateus 25 explica exatamente qual a diferença entre esses dois tipos de gente:

"E quando o filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com Ele, então se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dEle, e apartará uns doa outros, como o pastor aparta as ovelhas doa bodes; E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então dirá o Rei aos qur tiverem à sua direita: 'Vinde benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e deste-me de comer; tive sede, e deste-me de beber; era estrangeiro, e hospedaste-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitaste-me; estive na prisão, e foste me ver'. Então os justos lhe responderão, dizendo: 'Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? Ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? Ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão,  e fomos ver-te?' E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando fizerdes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes'. Então dirá também aos que estivem à sua esquerda: 'Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enferno, e na prisão, não me visitastes.' Então eles também lhe responderão, dizendo: 'Senhor, quando te vimos com fome
, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos?'. Então lhes responderá, dizendo: 'Em verdade vos digo que, quando um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim'. E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna." 
(Mateus 25: 31 - 46)

Jesus fala nesse texto de ação e inércia. Aqueles que fizeram e aqueles que não fizeram. Aqueles que podiam ajudar e ajudaram e aqueles que podiam ajudar e não ajudaram. Eis aí o evangelho, meus irmãos. Eis aí o teu chamado. A qual grupo você quer pertencer? Aqueles que se movem em direção ao próximo, ou aqueles inertes, que vivem para si? Bom, a posição do Senhor é bem clara para ambos. Uns benditos, outros malditos. Não há meio termo e nem justificativa. O inerte não é bem vindo no Reino do Rei dos Reis. Ter pés e não caminhar, não só te assemelham com imagens de escultura, mas te faz um inimigo de Deus, que tem como destino o mesmo que o Senhor reservou para o diabo e seus anjos. O Reino de Deus é para quem se move, e quem se move em direção ao próximo.  Porque quem se move em direção ao próximo, encontra o Senhor.

Que Deus te abençoe!







Levanta-se e Ande!

"Então Jesus lhe disse: 'Levanta-se! Pegue a sua maca e ande.'" (João 5:8) "Tenho-vos dito isso, para que em mim tenh...