É curioso o fenômeno milenar de adoração de imagens de escultura. Não só o catolicismo, mas tantas outras religiões ao longo dos tempos praticam à adoração à imagens feitas por mãos humanas. Deus condena tal prática, pois ele é real e não divide sua glória com coisa alguma, que dirá com uma escultura. Mas hoje em dia acontece um fenômeno ainda mais curioso e um tanto quanto mais perigoso: é quando o Salmo 115 (citado no topo) passa a se referir não à imagens de escultura, mas a seres humanos. Vivemos em uma geração de imagens de escultura ambulantes. Repare no texto acima e note a semelhança com o homem moderno:
têm boca, mas não falam;
olhos têm, mas não vêem;
narizes têm, mas não cheiram;
têm mãos, mas não apalpam;
pés têm, mas não andam.
Se me perguntasse qual seria a definição do homem moderno eu diria sem duvidar às características acima. Não eram para ser características humanas, mas nos tornamos como imagens de escultura. Se a questão era adorar imagem, agora a questão passou a ser a nossa transformação nas mesmas. Parece que ao passar dos tempos perdemos às nossas capacidades básicas humanas.
Uma das primeiras coisas que aprendemos na escola são os nossos sentidos. Os nossos sentidos revelam que somos humanos. Nós possuímos paladar, olfato, visão, audição e tato. Salvo às exceções, a maioria de nós possui os cinco sentidos. E eles são fundamentais para uma vida plena em todos os aspectos.
Porém, o que a escola não ensina, é que não basta ter visão para ver, olfato para cheirar, paladar para saborear, audição para ouvir e tato para sentir. Nós podemos estar 100% aptos em todos os sentidos e mesmo assim sermos um fracasso na utilização dos mesmos. É isso que a Bíblia nos revela e é esse o retrato do homem moderno.
As imagens de escultura desde sempre não possuem a capacidade de falar, ouvir, cheirar, ver, sentir e andar... são apenas imagens. Elas nunca chegarão à condição de humanos. Em contrapartida, a maioria de nós nasce com essa capacidade e vamos aperfeiçoando ao longo da vida. Com isso, somos incapazes de nos tornarmos como imagens de escultura. Bom, pelo menos assim deveria ser, mas não é assim que acontece.
A prova disso é que possuímos olhos , mas somos incapazes se ver a necessidade do próximo. Possuímos boca, mas nos calamos diante da injustiça social. Possuímos nariz, mas não conseguimos sentir o perfume da vida. Possuímos mãos, mas somos incapazes de sentir a dor do outro em empatia. Possuímos pés, mas esperamos sentados que as coisas cheguem até nós. Enfim, nos tornamos mais que idólatras de imagens, nos tornamos às próprias esculturas de nós mesmos.
Por isso tanta gente opta pelo negacionismo. Porque é muito mais cômodo não ver, não ouvir, não sentir, não pensar e não discernir. Colocam-se numa condição de atrofia cognitiva, pois encarar a verdade de frente, para muitos, é como se enfrentassem o inferno. Com isso, vão se petrificando à imagem de uma estátua, de uma escultura de si.
O curioso que a Covid nos mostrou aquilo que já era uma realidade faz tempo. Pois temos a capacidade de estar juntos, mas optamos pelo distanciamento. Então, por que reclamam das medidas de isolamento? Já praticamos o isolamento faz tempo. A nossa geração virtual está próxima pelas redes, mas distante pessoalmente. E não é só um distanciamento físico, porque não basta estar junto quando a mente está longe. Não há tato faz tempo. Outra coisa são alguns sintomas da covid, como: falta de paladar e olfato. Ora, me parece um tanto irônico isso acontecer num mundo que não sente o perfume da vida e não degusta dos seus dias com prazer. Perder olfato e paladar também não é nenhuma novidade pra quem se transformou em apenas uma escultura de si mesmo.
Nos próximos textos vamos falar de cada característica das imagens de escultura que passaram a ser nossas, em uma série de 5 textos.
Que Deus te abençoe!
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