terça-feira, 24 de novembro de 2020

A ÓTICA DE DEUS


Nós temos uma avaliação quase sempre muito negativa de nós mesmos. Vivemos acuados e culpados quase sempre e se procurarmos erros em nós acharemos aos baldes. Essa é a nossa avaliação de nós mesmos. Mas você já parou pra pensar como Deus te vê? A grande notícia que eu quero te dar nesse texto é que Deus não nos vê como nós nos vemos e nem como os outros nos vêem, e isso é muito bom. O texto perderia parar por aqui, porque essa verdade por aí só já é maravilhosa demais, mas vamos tentar elucidar um pouco melhor isso. 

"Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos concederá juntamente com Ele, gratuitamente, todas as demais coisas?" (Romanos 8:32)

No versículo acima, Paulo faz uma reflexão sobre essa visão que Deus tem sobre nós. Eu acho uma definição fantástica. Ele parte do ponto que Deus deu o que ele tinha de mais precisos por causa de nós. Paula usa o verbo "poupar" para dizer que Deus tinha todo o direito de poupar seu Filho de se tornar homem e morrer numa cruz por causa de nós. Mas "não poupou". E porque não poupou? Porque ele viu em nós uma motivo que ia além de preservar seu Filho, ele via algo muito precioso em nós. 

Paulo também usa o verbo "entregar", ou seja, além de não poupar o Filho, ele entregou. E o ato de entregar é um ato livre e irreversível. Deus não emprestou seu Filho, ele entregou para sem chance de voltar atrás. Por que ele entregou? Porque ele sabia que receberia em troca algo de muito valor. E o que é esse algo de muito valor? Somos nós! 

Então Paulo exclama: "...como não nos concederá juntamente com Ele, gratuitamente, todas as coisas?". É como se ele dissesse: "porque vocês se desvalorizam tanto se o próprio Deus os valoriza demais!?"

Você consegue entender isso? Nós que passamos boa parte das nossas vidas nos culpando e nos martirizando por causa das nossas falhas, somos tão admirados por Deus. Então, culpar-se exageradamente não exclui seu pecado, muito pelo contrário, se caracteriza um outro pecado: fazer réu aquilo que Deus fez livre, ou melhor, desvalorizar aquilo que Deus valorizou. Esse é o pecado. Mas não queremos ouvir Deus, na verdade queremos um chicote para ferir nossas costas até que o sentimento de culpa vá embora. 

Guarde essa frase: A valorização do pecado é pior do que o próprio ato pecaminoso. Isso quer dizer que não preciso me arrepender de nada? Não é isso. Quer dizer então que não devo sentir o peso do erro que comiti.? Também não é isso. Mas é passar por isso olhando pela ótica de Deus. Todos pecamos, mas o amor de Deus é maior que qualquer pecado. E sabe quando isso foi resolvido? Na cruz do calvário. Sabe quando isso foi resolvido no "tempo de Deus"? Antes da fundação do mundo, como diz a própria Palavra. Então por que se culpar tanto? 

A nossa incapacidade de nos perdoar e perdoar o nosso próximo não faz de Deus como nós. A nossa visão adoecida da vida não faz a visão pura, Santa e perfeita de Deus ser alterada em absolutamente nada. Por mais absurdo que pareça o amor de Deus por nós, ele é real! Então, existem dois tipos de seres humanos: os que se vêem pela ótica humana e os que se vêem pela ótica de Deus. Os que se vêem pela ótica humana se culpam, se importam com a visão que as pessoas tem de nós e viram refém dessa avaliação. Os que vêem pela ótica de Deus aceitam o seu amor de bom grado e desfrutam da sua graça incompreensível, imerecida, mas real e disponível a todo aquele que crê.

Creia e não de tanta importância para o que pensam sobre você.

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

A MORTE DA CREDIBILIDADE



"Porquanto trocaram a verdade de Deus pela mentira..."

"...Seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso..."

(Romanos 1:25 e 3:4)


Vivemos em um tempo marcado pelo desconfiança mútua. Ninguém consegue confiar 100% no outro. Mesmo aquele que dizemos confiar, na verdade, confiamos mais do que em uma outra pessoa, mas nunca por inteiro. Mesmo sem perceber fomos ensinados a desconfiar de tudo, a começar pela desconfiança conosco mesmo. 

Esses dias de eleições me fazem pensar muito sobre o tema. Já nos acostumamos a olhar um político e julgá-lo antes mesmo que ele começa a falar. Não estamos nem um pouco errados, eles não nos passam credibilidade. Então, passamos a votar naqueles que sabemos que mentem, porém mentem menos. A que ponto chegamos! Ou então votamos naquele que é notoriamente corrupto, porém fez algo de bom enquanto governante. É uma relação promíscua, mas normal nos nossos dias. Outras pessoas simplesmente anulam o voto, enterrando de vez qualquer esperança em encontar credibilidade nesse tipo de gente.

Mas o que é o político? É uma pessoa como eu e você. Falamos sobre políticos como se eles fossem seres diferentes e merecessem uma análise específica. Não, eles são pessoas como nós, só que ocupam cargos públicos e seus atos se tornam públicos. Mas e nós? Prometemos e cumprimos? Qual o grau de credibilidade que passamos para outras pessoas? Será que no nosso íntimo nós somos tão diferentes dos políticos? De fato não, porque a questão não é sobre políticos, mas é sobre pessoas. 

Reconhecer que vivemos uma crise de credibilidade é um passo importantíssimo para entendermos a sociedade que estamos inseridos e, por consequência, entendermos a nós mesmos enquanto atores dessa sociedade. A nossa sociedade é construída sobre o pilar (se é que podemos chamar assim) da desconfiança. Nós somos tão bons nisso, que aprendemos até a lidar com isso. Se a falta de credibilidade é uma árvore, os frutos são relações superficiais e sem vida. Uma sociedade que é formada sobre esse fundamento é uma sociedade fadada ao fracasso relacional. Bom, não é muito difícil perceber isso nos nossos dias. 

Pensando a nível espiritual, só consigo imaginar o diabo feliz com isso. Um mundo onde as pessoas não confiam umas nas outras é o solo perfeito para a sua colheita. Se eu não confio em ninguém por inteiro e ninguém confiam em mim, nutrimos ciclo vicioso que vai resultando aos poucos em pessoas cada vez mais solitárias, embora rodeadas de tanta gente. É uma arma e tanto do diabo, vocês não concordam? Ele cria artifícios para ir nos minando aos poucos. Astuto, ele age sorrateiramente nos colocando em situações que julgamos não terem solução. Então, nos adaptamos a essas situações e abrimos mão de sermos serem por inteiro, nos contentando com partes. 

Pense em um relacionamento amoroso. Tudo está perfeito até entrar a desconfiança entre o casal. A desconfiança é uma doença que vai matando o amor aos poucos. É horrível aquela sensação de que você não consegue confiar mais na pessoa que você ama ou amava. Quando se perde a credibilidade junto com ela se perde a força de reagir. Então algo bonito e abençoado se torna algo amargo e sem vida. Tudo por causa da nossa crise de credibilidade. Só Deus pra solucionar isso. 

Então eu chego ao ponto mais complicado nessa história toda. Se fomos adestrados a desconfiar de tudo, então, desconfiamos de Deus também. "Xeque-mate!", diz o diabo. Um homem que se diz ser seguidor de Deus, mas tem com Deus um relacionamento pautado pela desconfiança, assim como tem com outros homens, não pode ter um relacionamento com Deus. Não um relacionamento saudável, não um relacionamento de verdade. Já falei sobre isso aqui, mas vou repetir: Deus não se relaciona com partes, Deus se relaciona com inteiros. A falta de credibilidade nossa nos levou a olhar para Deus com um olhar desconfiado. Bom, nem preciso dizer que Deus não tem nada a ver com os nossos problemas e  com a forma adoecida que enxergamos a vida. 

Não seria diferente em um sociedade com relacionamentos adoecidos, pessoas se aproximarem do Deus que tem TODA credibilidade com desconfiança. Precisamos resolver isso, é um problema nosso não de Deus. Deus é 100% confiável, nós não. Mas agora não estamos falando de homens, mas estamos falando de Deus. Não é sobre a nossa incapacidade de passarmos credibilidade, mas é sobre fazermos de Deus homem por causa dos nossos enganos. Isso é grave. 

Quem se aproxima de Deus tem que ter a percepção que ele é 100% confiável. Tudo que ele diz é verdade e tudo o que ele faz é bom. Essa é a nossa crise. O vírus da desconfiança tomou o nosso ser a ponto de desconfiamos de Deus. 

Só existe uma forma de resolvermos isso, e essa forma de chama Fé! E fé não é acreditar que Deus existe, mas acreditar nele! É dar total crédito a ele. É confiar com todas as forças nele apesar das circunstâncias não serem sempre favoráveis. Na verdade quase nunca são, mas Deus espera de nós confiança. Essa confiança fará nos lançar de abismos se for necessário, enfrentar leões em covas, duelar com gigantes, atravessar mares, herdamos vida eterna. Só a confiança faz isso, esse é o nosso papel. Assim é a fé! A parte de Deus é ser Deus, a nossa parte é confiar. Pedro quando andou sobre as águas ele olhou para Jesus e andou no sobrenatural. O que fazia Pedro andar foi a Palavra de Jesus que dizia "vem!". Mas Pedro logo afundou porque tirou os olhos daquele que tem toda a credibilidade e olhou para o mar, olhou para si e se deparou com a desconfiança. 

Deus não tem culpa se não somos confiáveis, ele é! Então se aproximar de Deus é se aproximar de alguém confiável. Essa é mais uma das obviedades que de tão óbvias não são absorvidas por aqueles que se dizem filhos de Deus. Que tratemos das nossas desconfianças, primeiro com os nossos próximos e, principalmente, com Deus. Só assim o conheceremos como ele é e como nós somos!

Que Deus te abençoe. 

terça-feira, 10 de novembro de 2020

FAZER POR FAZER


Por que no meio evangélico nos contentamos em fazer tantas coisas por fazer? Quando nos "convertemos", logo de cara recebemos uma série de doutrinas e dogmas. Nelas estão contidas coisas que devemos e não devemos fazer. Sem procurarmos muito saber os porquês, logo fazemos como manda a "cartilha cristã". Ou seja, "não beba, não fume, não fale palavrão, não pratique sexo antes do casamento, perdoe, dizime, oferte, jejue, pratique a caridade, frequente as atividades da igreja, submeta-se às lideranças, ore, leia a Bíblia..." entre outras coisas. Como todos ao redor aparentemente seguem a cartilha, logo, procuramos segui-la. Chamamos o cumprimentos dessas regras de "obra de Deus ou vida cristã". 

Gostamos de cartilhas, vamos falar a verdade, a história prova isso. E qual o problema das cartilhas, leis, doutrinas e afins? Elas, na maioria das vezes, nos fazem agir de forma mecânica. Afinal de contas, se todos fazem, deve ser o certo. Mas nem sempre é, e quando cumprimos cegamente alguns desses conceitos terminamos ferindo uma lei irrevogável de Deus, a liberdade. E a liberdade é a mãe do discernimento, uma característica marcante do ser humano pensante criado por Deus. 

Deus nos criou com uma capacidade ímpar de discernirmos o mundo ao nosso redor. Temos a capacidade de observar, analisar, discernir e executar o tempo todo. Isso nos torna diferente dos animais e outros seres inanimados. Somos seres animados, com isso temos o privilégio dado por Deus do discernimento. Quando não usamos o discernimento nós estamos suscetíveis ao engano de sermos protocolares, ou seja, o famoso "fazer por fazer". 

Muitas coisas fazemos para dar satisfação para alguém, para nós mesmos ou para Deus. Com isso, terminamos tomando atitudes que não estão 100% resolvidas dentro de nós. Como o perdão, por exemplo. "Vai lá perdoa e pronto", por que? A mágoa ainda tá lá, o que fazemos é engolir a mágoa e tocar o barco. Não resolvemos o problema assim, mas damos satisfações. Com isso, viramos personagens de nós mesmos, isto é, vivemos em um grande teatro para darmos inúmeras satisfações o tempo todo, mas dentro de nós vamos acumulando situações mal resolvidas, ou ainda não concretizadas. Aceitamos isso como verdade absoluta. Por que Deus nos mandaria agir assim, contra a nossa verdade? Bom, esse texto é pra fazer a gente pensar se Deus realmente age assim. Então vou logo adiantando... não, Deus nao ignora a nossa capacidade de assimilação. Na verdade, imagino eu, que Deus espera de nós atitudes maduras. E isso não tem nada a ver com "vai lá perdoa e pronto!". 

Outro exemplo é o ato santo de dizimar e ofertar. Se você dá o dízimo por dar, você não entendeu nada. Você precisa discernir a necessidade disso e através de um fruto de amor, dizimar e ofertar deliberadamente. Não deve ser um ato involuntária e mecânico, mas um ato de amor, gratidão e consciência. O nosso Pastor Neil não passa mais de cinco minutos para comunicar a oferta e quase sempre cita o versículo que define tudo: "Deus ama quando dá com alegria", ou seja, Deus não está interessado no que dá por dar, mas no que dá com alegria. Bom, só um coração que discerniu a grandeza de dar para a obra de Deus pode dar com alegria. 

O Evangelho não é um conjunto de obrigações cansativas, se assim fosse não seria Evangelho. Nada para Deus é por obrigação, tudo é por amor. Vou repetir, TUDO É POR AMOR. Em Jesus todos os mandamentos se converteram a um, o amor. Sem amor é tudo obrigação. Com amor é tudo prazeroso e não há questionamentos. 

Os seguidores de cartilhas tem um prazo de validade. Ninguém aguenta cumprir obrigações por muito tempo, é chato, é cansativo. Aí culpamos Deus, culpamos o pastor, deixamos de "crer". Nunca cremos! Tudo começou de forma errada, não tem como dar certo no final. O Evangelho não cansa, muito pelo contrário, se o Espírito de Deus tem liberdade para trabalhar no teu intelecto, logo teu coração se encherá de amor por Deus e pelo seu Evangelho, assim tudo será prazeroso, até mesmo a dor, como diz Paulo, porque a dor é por um propósito maior. 

Deus te abençoe! 


terça-feira, 3 de novembro de 2020

UM CAMINHO AINDA MAIS EXCELENTE

 


"Entretanto, procurem, com zelo, os melhores dons. E eu passo a mostrar-lhes um caminho ainda mais excelente." 

(1 Coríntios 12:31)

Com esse versículo termina o capítulo 12 de 1ª Coríntios. O capítulo 12 fala sobre dons espirituais, capacidades dadas por Deus aos homens para realizarem às suas obras no mundo. São diversos dons e, como disse Paulo, sugiro que "procurem, com zelo, os melhores dons". 

Mas quero hoje falar sobre algo que vai além das obras realizadas aqui na Terra, algo "ainda mais excelente". O que seria isso? O capítulo 13 é uma obra prima sobre isso. Vou colocá-lo todo abaixo com o maior prazer:

"Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará. O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará; porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos. Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino. Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor."

O capítulo 13 de 1ª Coríntios fala de amor, ou melhor, fala do AMOR. Não um sentimento que que vai e vem, que começa e acaba, que aumenta e diminui, não... Coríntios fala sobre algo que "jamais acaba", algo eterno e poderoso. 1ª Coríntios 13 é cantado em verso e prosa não só no meio cristão, mas nas literaturas em geral, como eu disse, é uma obra prima da literatura. Seu significado literal e poético é por si só belo, mas a revelação de Deus nos conduz a algo muito mais profundo, muito além da poesia e da beleza contida no texto. 

Primeiramente o nosso conceito de amor está mais relacionado à paixão e às sensações boas que sentimos quando nos relacionamos com alguém que gostamos e admiramos muito. Sim, isso é uma definição de amor para nós e não está errada, porém é muito simplória comparada ao amor citado por Paulo em 1ª Coríntios 13. Vou dar um tempo pra vocês relerem com atenção, então prosseguirei...

Tenho falado muito ultimamente sobre a eternidade e pretendo continuar falando enquanto eu existir. Lendo mais uma vez o Evangelho de João (sugiro que sempre voltem aos Evangelhos), vemos Jesus ensinando incansável sobre a eternidade, O Reino de Deus. É pra isso que ele veio, qualquer coisa além que não esteja na esfera da eternidade é minúsculo para Jesus. Então, por que eu falaria de qualquer outra coisa que não fosse a eternidade? Ou melhor, por que eu não daria uma ênfase maior sobre a eternidade do que sobre qualquer outra coisa? Meu horizonte tem se abrindo desde que procurei olhar para esse vida sob a ótica eterna. 

Lendo 1ª Coríntios 13 você percebe logo que Paulo está tratando de um assunto eterno, sob o qual devemos nos atentar mais do que qualquer outra coisa. Sim, o amor está na esfera eterna. Amamos aqui e amaremos na eternidade. Por isso profecias não são mais importantes que o amor, nem falar as línguas dos homens e dos anjos, nem o conhecimentos sobre a ciência, nem a esperança e, pasmem, nem mesmo a fé. O próprio Paulo explica o porquê, todas essas coisas fazem parte da nossa experiência terrena, já o amor é a prática de uma experiência eterna. Quando eu amo, estou fazendo algo que farei por toda a eternidade, é uma ação eterna praticada nesse espaço e tempo que chamamos de existência. 

Mas não significa que as coisas menores que o amor não sejam importantes, pelo contrário. São muito úteis na nossa vida terrena. A profecia nos dá uma direção de onde estamos e para onde estamos indo, os dons nos capacitam para propagarmos o Evangelho da Salvação, a esperança é o combustível que nos mantém firmes no dia mal e nos faz olhar para o nosso destino eterno, a fé é o nosso mecanismo de ligação com Deus, com o sobrenatural. Mas como disse Paulo: "mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará; porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos.  Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado.". Isso significa que essas coisas são importantes, porém são "partes" e partes não são o todo. O todo é o "perfeito", o eterno. Dentro desse todo só cabe o amor e nada mais. Todas essas partes sem o amor só são partes. Paulo continua: "Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor." 

O que faremos por toda a eternidade? Amaremos. Não vamos precisar de fé, porque estaremos diante de Deus. Não vamos precisar de esperança, porque a nossa espera já não será necessária, não precisaremos de dons, porque o próprio Deus cuidará de todas as coisas, não precisaremos fazer planos, nem buscarmos conhecimento, nem dedicar nossos esforços em uma carreira profissional, nada disso. Só amaremos. Da mesma forma não odiaremos, nem teremos qualquer tipo de ressentimento, muito menos inveja, ciúmes ou coisas do tipo. 

Então por que as coisas deste mundo te tiram tanto a paz? Por que amar é sempre colocado em segundo plano? Por que damos mais importância para o que é "parte" e não para o que é "todo"? Há um só motivo para viver e um só motivo para morrer, esse motivo é o amor. Ame, porque "o amor jamais acaba.". 



segunda-feira, 2 de novembro de 2020

FACILIDADES



 dizia o ditado popular: O que vem fácil, vai fácil. Posso acrescentar também outra verdade com relação a isso: Tudo que tem valor é conquistado. Essas coisas me parecem verdades universais. E é assim que tem que ser mesmo, não tem jeito.

Salomão entendeu muito bem isso (ou não). Ele assumiu o trono de seu pai e logo recebeu uma visita de Deus em sonho onde o Senhor lhe dava carta branca para escolher o que quisesse. Salomão escolheu sabedoria para governar Israel. Deus gostou tanto da escolha (visto que ele não pediu coisas como longevidade e riquezas) que deu-lhe poder e riqueza abundante.

O reinado de Salomão foi, enfim, um período de paz entre Deus e os judeus. Desde o Éden não se vivia uma era de paz onde Deus habitava no meio do povo, no templo erguido por Salomão, e Israel não guerreava com ninguém, pois não tinha inimigos. Na verdade, Israel se tornou uma espécie de império que rompeu as suas fronteiras, fazendo com que reinos vizinhos pagassem tributos à Israel.

Muitos reis também iam ao encontro de Salomão para verem de perto o que ouviam sobre a sua fama e viam que era muito mais do que tinham ouvido. Com isso o presenteavam com toneladas de ouro. Não tinha onde botar tanta riqueza. O templo era enorme e luxuosíssimo, o palácio do rei era duas vezes maior que o templo. Prata e bronze eram descartadas mediante a tanto ouro. Então Salomão entrou num estado de conforto e a vida seguia como um transatlântico num mar calmo e cristalino. E Deus? Pra que Deus? Por que vou me preocupar em adorar a Deus? Por que me colocaria de joelhos pra buscar a sua face? Deus ficou em stand by. 

Acontece que Salomão não teve que oferecer nenhum filho em sacrifício como Abraão, não foi vendido como escravo por seus irmãos como José, não peregrinou pelo deserto durante quarenta anos guiando um povo rebelde como Moisés. Ele não teve que conquistar Terra Prometida alguma como Josué e Calebe, e nem ter sua vida tocada por Satanás como Jó. Do mesmo modo, não teve que guerrear quase que diariamente com Filisteus, Amorreus, Girgaseus, Heteus, etc... Nunca cuidou de uma ovelha e nem precisou matar urso e leão para protegê-las. Também não precisou derrotar Golias, fugir de Saul e até de filhos traidores, como foi com seu pai Davi.

A relação de Deus com o homem nunca foi um mar de rosas, parece que Deus quer ensinar o tempo todo algo, por isso os caminhos são sempre mais complicados. Com você não é diferente, não é verdade? E por que Deus age assim? Talvez Salomão te explique melhor que as minhas palavras.

O que Salomão fez com tanta facilidade? Esqueceu Deus. Teve 700 mulheres e 300 concubinas. Levantou altares para os deuses de suas mulheres estrangeiras. E o que Deus espera de nós? Um relacionamento de amor espontâneo, fruto da liberdade que Ele nos deu. 

Eis a grande diferença entre Davi e Salomão. Davi tinha tudo pra dar errado, Salomão tudo pra dar certo. Salomão tinha a sabedoria, poder, riqueza, era admirado por todos e não tinha inimigos e teve o privilégio de construir um templo para Deus, onde prontamente derramou a sua glória. Davi era impulsivo, colecionava inimigos, proporcionou um adultério e um assassinato, e por ter as mãos sujas de sangue, não foi autorizado por Deus a construir o templo. Qual dos dois você acha que figuraria nos púlpitos das igrejas hoje? Qual dos dois seriam apontados como homens de Deus? 

Só que esquecemos de um "detalhe": Davi amava a Deus com todo seu coração, toda a sua alma e todas as suas forças. Davi teceu uma relação com Deus que não ocorre de um dia para a noite e que não veio de mão beijada. Ele viu em Deus um pai de amor e se apaixonaou  perdidamente por Ele. 

Já a sabedoria de Salomão não foi suficiente, sabe por que? A sabedoria sem o amor não vale absolutamente nada. A sabedoria nos mostra o caminho, com ela nós sabemos o que fazer. Mas é o amor que faz a gente executar. O amor é o combustível que gera a motivação para fazer o que a sabedoria pede. A sabedoria não tem fim em si mesma.

Na verdade quem se contenta em saber e não executa, está enganando a si mesmo e sendo um tolo. Nunca será plenamente feliz porque, embora por fora sejam belos, por dentro são sepulcros caiados, como eram os religiosos nos tempos de Jesus. Vale muito mais pra Deus  um publicano consciente dos seus pecados, que um fariseu religioso cheio de si (Lucas 18: 9-24). 

Por isso eu entendo os pastores que enganam as ovelhas, os pregadores de prosperidade, os que adoram a fama. Por não amarem a Deus, fizeram da sabedoria um fim em si mesmo. Então seu maior prazer está em ser visto, respeitado e admirado. Pobres coitados.

Então por que continuamos desapontados com Deus quando Ele não faz todas as nossas vontades? Convenhamos, se Deus fizesse todas as nossas vontades, a gente iria valorizá-lo ou esquecê-lo? Não sei, de verdade, se Deus gostaria que fosse assim, mas o ser humano não sabe lidar com a bonança por muito tempo. 

No Salmo 23, Davi, de forma poética, nos canta e nos conta essa relação de Deus com os homens. Nessa relação há o pastor que nos faz repousar em verdes pastos e que nos guia pelas veredas tranquilas. Mas também tem vale da sombra da morte e presença de inimigos. Graças a Deus que temos pastos verdejantes e veredas tranquilas. Graças a Deus também que tem vale de morte e inimigos. Ambas as situações são benéficas, quando o condutor da história é Deus. Davi entendeu isso. Salomão, por sua vez, parou na primeira parte do Salmo. 

Sabe o que o dia mal faz com a gente? Ele revela quem nós somos de verdade. O caos expõe tudo o que insistimos em esconder. Nossas verdades mais entranhadas em nós são colocadas diante dos nossos olhos e isso é maravilhoso! 

Quando nos apresentamos diante de Deus como nós somos de verdade, parece que Deus vê em nós o homem que ele criou lá no Éden e "viu que era bom". Ah, meu irmão! Quando nos apresentamos diante de Deus desprovidos de qualquer ego, Ele encontra uma terra fértil e favorável para o seu agir. Quando Deus acha em nós um coração vazio de si mesmo, então ele encontra o lugar ideal para nos encher da sua essência, do seu Espírito. Porque pra Deus não importa o que você fez, mas o que você é.

Então eu entendi todas as orações não respondidas, todas as vezes que Deus pareceu virar as costas pra mim. Todos os meus sonhos frustrados. Por que Deus?! Porque Ele está nos ensinando. Porque Ele quer que demos valor a Ele, prioridade a Ele, entende? É necessário espinhos na carne pra isso. É necessária vales da sombra da morte pra isso. É necessário pandemias pra isso.

É tempo de receber o amor de Deus e retribuí-lo. Por isso sofremos, pra entendermos que nada mais tem valor do que Deus. Essa chaga que não fecha está aí pra te lembrar que você é um simples pecador que carece de misericórdia. Deus está disposto a te dar essa misericórdia, mas mais que isso, Ele quer você forte, maduro e com um coração segundo o coração Dele.

Uma oração é necessária a se fazer nesse momento: que Deus nos conceda um relacionamento estreito com Ele de amor recíproco. Mas cuidado, sua vida pode tomar um rumo que, talvez, por sua vontade você não escolheria, portanto, calma. É que Deus está tecendo esse relacionamento do jeito Dele.

Que assim seja! 

NADA MAIS QUE A VERDADE

 


“Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte?

Aquele que anda em sinceridade e pratica a justiça, e fala verazmente segundo o seu coração.” 

(Rei Davi, Salmo 15: 1 e 2)


Como havia dito no texto anterior, Deus se relaciona com a nossa verdade. Nada que façamos vai chamar mais a atenção de Deus do que a nossa verdade, a nossa transparência humana. 
Sabendo disso, notamos a importância da verdade em nossas vidas. Contudo, ser verdadeiro não é muito o nosso forte. Parece que é mais cômodo sempre querer parecer o que não se é, como se a nossa verdadeira essência não fosse muito atraente. Mas não é atraente pra quem? 

Imaginamos sempre o diabo agindo de forma violenta ou através de tentações carnais. Fazendo assim, limitamos demais sua inteligência. Ele age geralmente naquilo que é sutil, que interfere diretamente no nosso dia a dia e que nem percebemos. 

Não é atoa que Jesus o chama de pai da mentira e, ardiloso como ele é, mina a verdade em todas as áreas das nossas vidas que ele conseguir entrar. Para o diabo, a verdade é pior que o próprio inferno, pois ele sabe que todo aquele que vive a verdade encontrou a luz e a luz o atormenta da cabeça aos pés. 

Embora a mentira seja antagonista à verdade, no Reino de Deus o paralelo que fazemos com a verdade é mais amplo. No Reino, verdade se opões à falta de liberdade. Sim, a verdade liberta. Liberta de que? Liberta do ego, liberta da ignorância, liberta do engano, liberta de tudo nos transforma naquilo que não somos e, por consequência, não interessa a Deus e nem aos homens. 

A verdade, por ser libertadora, também produz cura. Quando procuramos um psicólogo, estamos procurando cura para as nossas emoções. E como ocorre essa cura? Através, principalmente, da exposição das verdades mais ocultas do nosso ser. Não, o psicólogo não faz nenhuma mágica, apesar das suas técnicas, ele sabe que externalizar a nossa vida interior é o princípio da nossa cura. 

A própria Bíblia fala sobre isso em Tiago 5:16a: "Confessai, portanto, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados...". Essa, infelizmente, não é uma prática muito comum em nosso meio. Primeiro porque o nosso ego não permite expormos nossas fraquezas. Segundo porque não confiamos em quase ninguém. E assim adoecemos, porque a nossa vida exterior é completamente diferente da nossa interior e vivemos em conflito constante. Só a verdade cura! 

Por isso a oração é essencial na vida cristã, pois nela a gente pode se derramar diante daquele que tudo sabe. Apesar do Pai conhecer a nossa face mais íntima, Ele aguarda ansiosamente que a apresentemos a Ele, caso o contrário, a relação fica impraticável, pois Ele não se relaciona com o nosso ego e nem com a caricatura que nos tornamos. 

A verdade é de suma importância em nossas relações humanas. Nenhum relacionamento humano subsiste a falta de verdade por muito tempo. Se os nossos relacionamentos estão pautados em qualquer coisa que não seja a verdade, a verdade cobrará caro no futuro. Porque não existe amor sem verdade. A dor cobrará verdade, o casamento cobrará verdade, a superação cobrará verdade e, se não há, tudo fracassará. Se a base do nosso edifício não tiver a verdade como fundamento, fatalmente ruirá. Quando procurarmos amor pra dar, não vamos encontrar, porque nunca houve. Não era real, era superficial, era de faixada. 

Posso afirmar que a maioria das nossas relações não tem como base a verdade. Podemos contar nos dedos as pessoas que estão conosco de verdade. Me corrijam se eu estiver errado. Estamos rodeados de pessoas fisicamente e até virtualmente, mas estamos carentes de relações de alma, de espírito, de verdade! Estão ali, mas é como se não estivessem. São figurantes nas nossas vidas, mas querem ocupar os papéis principais.

Quantas vezes você precisou de gente de verdade e descobriu que se relacionava com gente de mentira? Na hora de manifestar amor a você, misericórdia, afeto...você só recebeu palavras vazias, clichês e o famoso "vou orar por você". Às vezes até querem te ajudar, mas procuram em si algo para oferecer e não encontram nada. 

O relacionamento não é construído cronologicamente, portanto não importa quanto tempo você conhece alguém, se o relacionamento não é verdadeiro, se não é real, é como poeira que se espalha com o vento.

Nós somos assim também. Nós contribuímos para uma sociedade com relações de faixada. Cansamos de dizer que vamos orar, e não oramos. Se oramos, oramos por orar, pra bater um ponto no céu. Consolamos com palavras vazias, embora as vezes bonitas, embora as vezes bíblicas, mas nosso coração está longe dali, não há verdade em nós também. 

Mas ainda há um remanescente, como diz a Palavra. Pessoas de verdade, que basta cinco minutos de conversa para percebermos o quanto aquela pessoa é transparente. É como um grande garimpo. É muita pedra bruta, algumas pedras até tem um certo brilho mas não são ouro. Entretanto, depois de muito trabalho você encontra o ouro. É raro, mas existe. É único, por isso inconfundível! 

Seja essa pedra preciosa no meio de tanta pedra bruta. Você não será confundido. Nem pelos homens e muito menos por Deus, que procura adoradores  que o adorem em espírito (essência, profundidade, sentimentos) e VERDADE. Então, quando precisarem de amor, ali estará você. Quando precisarem de consolo, você alí estará. Quando precisarem de oração, fervorosamente sua oração romperá o céu como se fosse por si mesmo. Quando precisarem de um ser humano de verdade, então, humildemente, você será essa pessoa.

Que o Senhor Deus restaure as nossas relações humanas e que Ele ache em nós verdade para que seu amor nos inunde e Ele sinta prazer em nós! 

A QUEM DEUS PROCURA?



A religião e outros saberes nos induzem a acreditar que o homem está o tempo todo em busca de Deus, do divino. Mas basta ler a Bíblia com atenção para percebermos que o caminho na maioria das vezes é o inverso. Deus criou o homem e, mesmo com o homem se rebelando contra Ele, sempre buscou uma reaproximação na história. Parece que Deus está muito interessado na sua criação, embora a mesma tenha dado mais trabalho para Deus do que satisfação. Há algo no ser humano que faz com que o próprio Deus se interesse por ele. 


Além do dilema de estarmos em uma pandemia, as ultimas semanas foram marcadas por assassinatos brutais praticados por quem deveriam nos defender. A polícia matou primeiro o adolescente João Pedro, dentro de sua casa enquanto brincava com os familiares e dias depois vimos em Minneapollis (EUA) algo que nos chocou ainda mais, a morte de Georgy Floyd asfixiado com os joelhos de um policial em seu pescoço. Ele agonizava implorando: "não consigo respirar", mesmo assim não contou com a misericórdia do agente. 

Por que Deus ainda insiste em nós? Ainda falamos de racismo em 2020. Muita gente ainda não entendeu a questão mais óbvia, que, na verdade, nunca deveria existir: não há a menor diferença entre uma pessoa branca e uma negra. Muitos também ainda não entenderam que uma mulher faz tudo o que um homem faz e, se duvidar, faz melhor. Pessoas são humilhadas, desqualificadas, desprezadas, marginalizadas e mortas simplesmente por serem o que são. Tudo isso obra do ser humano, o mesmo a quem Deus não desiste. Por que? Até hoje nações guerreiam umas com as outras e qualificam cada vez mais seus arsenais bélicos, porque não são capazes de dialogar. Então explodem uns aos outros para mostrarem poder. Ah o poder! O homem adora essa brincadeira de quem tem mais poder. Sempre foi assim e, pelo jeito, sempre será. 

Nós,  humanos, nunca fomos flores que se cheirassem e, é lógico, falo de uma maneira geral. Mas, existem os "Davis" e é desse tipo de ser humano que falarei em seguida.

Ao criar o homem, Deus os criou com um proposito: Amá-lo e ser amado por ele! Não precisamos de curso superior em teologia para sabermos disso. A primeira parte do acordo é cumprida à risca, pois Deus nos ama e não pode negar a si mesmo. O problema está na segunda parte do acordo. Temos uma enorme dificuldade de amar a Deus e esse é o principal dilema da humanidade. Ao criar o homem, Deus, como um raio x, desnudou toda a humanidade em busca de quem o ame e foram poucos que Deus percebeu um amor verdadeiro para com Ele. Deus sabe muito bem quem o ama de verdade.

Davi foi disparado o maior exemplo do antigo testamento. Nem digo como exemplo de conduta, muito pelo contrário, Davi não era muito chegado a um mandamento. Mas Davi amava a Deus com todas as suas forças e sua alma. Davi entendeu o amor de Deus e reagiu a ele de forma apaixonada. Ainda garoto, Davi aceitou o desafio do gigante Golias simplesmente porque este desrespeitou o seu Deus. Davi amava tanto a Deus que era capaz de enfrentar um gigante guerreiro só para honrar o Seu nome. 

Seus salmos são repletos de revolta, fé, segurança e questionamentos. Mas, sobretudo, cheios de amor, verdade e sinceridade:

"Como o cervo anseia pelas correntes das águas, assim minha alma anseia por ti, ó Deus!" 
(Salmo 42:1)

Se o próprio Deus não tivesse dito que Davi era um homem "segundo o coração de Deus", e fossemos perguntados qual modelo de homem nós achamos que Deus procura, certamente diríamos algum outro, não Davi. Davi tinha sérios problemas comportamentais, não conseguiu colocar seus filhos na rédea, tinha uma fraqueza enorme com as mulheres e suas mãos eram sujas de sangue por ser um homem de guerra. De repente você não aprovaria nem o namoro de Davi com uma filha sua. Mesmo assim Deus olhava do céu e abria um sorriso quando via Davi. 

Em Davi entendemos uma verdade preciosa demais: Deus nunca esteve atrás de um homem perfeito! Deus nunca esteve atrás dos santarrões que falam diferente com a Bíblia debaixo do braço dando a paz do Senhor na rua. Deus nunca esteve atrás do cara que canta bem, prega bem ou administra uma igreja bem. Deus está a procura de um ser humano que o ame! Deus está a procura de um ser humano de carne e osso, que não se camufla atrás de uma espiritualidade fajuta. Davi é o típico vaso de barro citado por Paulo em 2 Coríntios 4:7: "Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não nossa.". 

Deus nos criou livres, justamente porque Ele aguarda que através da nossa liberdade surja o amor. Não existe amor sem liberdade, como também não existe amor sem verdade e sinceridade. E Davi era sobretudo sincero e verdadeiro com Deus. E um dos pedidos de Deus para Salomão era que fosse sincero e verdadeiro como o seu pai Davi, para que seu reinado tivesse êxito. Salomão foi o homem mais sábio que existiu, fez o melhor administrador que Israel já viu, construiu um templo luxuosíssimo para Deus que seu pai não pôde construir e foi abençoado com toda sorte de riqueza que não tinha fim. Mas nada disso fez Salomão amar a Deus. Salomão levantou altares para os deuses das suas muitas mulheres e foi o responsável pela a pior parte da história de Israel: a separação dos reinos e os subsequentes exílios .

Se a nossa desculpa de não amar tanto a Deus é a falta das bênçãos e vitórias, bom, Salomão tinha tudo o que sempre sonhamos ter e nada disso foi suficiente para fazê-lo amar a Deus, assim como seu pai amou. Sinceridade e verdade não se compram com ouro, prata. E nem toda sabedoria do mundo faz brotar amor dentro de um coração.

A quem Deus procura? Acho que agora essa pergunta está mais fácil de ser respondida. Deus ama quem você é! Deus não está interessado em quem você quer parecer ser. Ele se relaciona com o seu espírito, por isso Jesus disse para à mulher samaritana, em João 4, que o Pai estava a procura de quem o adorasse em espírito e em verdade. Por isso que Paulo disse em 1 Coríntios 13 que não bastava o homem  falar a língua nos homens e dos anjos, nem ter uma fé que transporte montes ou até mesmo profetizar. Nem mesmo bastava o homem praticar a caridade a ponto de doar toda a sua riqueza aos pobres. Se não há amor, se não há verdade, nada significa pra Deus. 

Ao longo de toda história os religiosos buscam impressionar a Deus e, logicamente, numa jornada fracassada. O religioso engana todo mundo, menos a Deus. Fuja da religiosidade, fuja das aparências, fuja das regras para querer atrair Deus. Só existe uma forma de ser quem Deus procura: sendo você mesmo e se embriagando do amor de Deus. O diabo não quer que você saiba disso, pois é a verdade mais preciosa de toda a humanidade. Por isso Deus nos pede três coisas somente: que o ame de todo o coração, que ame ao próximo e a nós mesmos. Essa é a matemática, quem consegue executá-la vive a Vida que jorra como um rio de águas vivas para a vida eterna. 

AQUIETAI-VOS!

Vivemos dias difíceis, nunca antes vividos por essa geração, pelo menos. Milhares de pessoas morrem pelo mundo a fora pelo mesmo motivo, o temido Covid 19, mais conhecido como Novo Corona Vírus. Nessa altura da pandemia muitos já perderam entes queridos, amigos, ou então passaram por um martírio acompanhando as notícias de alguns deles nos CTI's. Está duro demais viver nesses dias. 

Uma pessoa sensata diria: Onde está Deus? Por que não faz alguma coisa? Não as culpe e, principalmente, não se culpe. Nós, humanos, temos dificuldade de entender os oráculos de Deus e seu modus operandi na história. O mesmo Deus que se relacionava face a face com Moisés, Davi, Abraão, entre outros, é o mesmo Deus de grandes silêncios no período Bíblico, como entre José e o Êxodo no Egito e entre Malaquias e João Batista. Estudiosos dizem que ambos os períodos foram de 400 anos de silêncio de Deus ou de raríssimas manifestações.

Sob o nosso ponto de vista há alguma coisa errada nessa relação Deus e Humanidade. Então, não é de se estranhar alguém questionar Deus num momento como esse que vivemos. Mas na própria Palavra de Deus existem indícios fortíssimos de uma coisa: Deus nos ama! Pelo menos mediante a tantas transgressões dos humanos, Deus nunca nos abandonou. Desde o relato da criação, o Éden, onde ocorreu a queda do homem, até o Apocalipse de João, Deus se mostrou interessado num relacionamento com o ser humano. E Ele "pagou e paga um alto preço por isso". Pois Deus fez questão de criar o homem livre. Tão livre que poderia e pode rejeitá-lo. Essa liberdade custa bem caro para Deus. Pode soar meio herege, mas na Bíblia toda, mais precisamente no antigo testamento, vemos Deus e homens num relacionamento de amor e ódio, fidelidade e traição, fé e ceticismo. Como disse um teólogo: "O homem é o risco de Deus.".


"Talvez não percebamos o problema de, descrevamo-lo assim, permitir que seres dotados de livre-arbítrio finito coexistam com a onipotência. Parece implicar a cada momento quase numa espécie de 'abdicação divina'."
C.S. Lewis 


Deus nos criou livre por um único e essencial motivo: Ele quer amar e ser amado. E isso só é possível em um relacionamento livre. Onde o amor empregado não seja obrigatório, mas voluntário e verdadeiro. Não existe amor onde não há liberdade. Pode haver obediência, reverência, temor até, mas amor não! E é isso que Deus espera de nós, amor. Amor por Ele e pelo próximo, que também é um amor por Ele, porque lá em Mateus 25 diz que quem cuida do próximo, está cuidado do Senhor.

Então pra começo de conversa a gente tem que reconfigurar nossas perguntas. Do "por que Deus não faz nada?" para porque Deus faria alguma coisa? Por que Deus insiste em nós? Por que tanta importância dada a um ser que na maioria esmagadoras das vezes só criou problemas pra Ele? Deus não precisava passar por isso, pelo "projeto homem". Mas quem sou eu pra dizer o que Deus deve ou não fazer. O que eu sei é que ele se importa conosco e nos ama. E não é qualquer amor, é um amor capaz de entregar a vida do seu único filho para salvar pecadores, porque foi isso que nos tornamos, PECADORES. 

Um dia nós vamos entender porque Deus na sua glória decidiu criar o homem e amá-lo tanto. Cabe a nós amá-lo. Porque como diz a Palavra em Lucas 7:47: "Portanto, eu digo, os muitos pecados dela foram perdoados; pois ela amou muito. Mas aquele a quem pouco é perdoado, pouco ama.". A pergunta que não quer calar é essa: quem não foi muito perdoado? Não existe um ser humano sequer que não tenha sido muito perdoado, e pela lógica do Reino de Deus, esses deviam amar muito ao Senhor. Não tem como alguém que tem noção da sua realidade pecaminosa, se deparando com uma enxurrada do amor de Deus e não amá-lo desesperadamente. Assim foi com aquela mulher em Lucas 7, que lavou os pés do Senhor com uma mistura de perfume e lágrimas.

Realmente não é fácil essa conexão Céu e Terra, como muitos vendem por aí. Alguns afirmam uma intimidade extraordinária com Deus e eu não duvido. Mas a maioria não. E é normal ser assim. Mas o que nunca pode acontecer conosco é duvidar do amor de Deus por nós. Isso está claro e latente. Embora Ele não intervenha no nosso mundo com tanta frequência como a gente gostaria, Ele continua assentado no Trono e reinando para sempre! E, até que provem ao contrário (e não provarão), Ele não desistiu de nós e tem promessas a se cumprirem. Portanto, como diz o Salmo 46:10: "Aquietai-vos e sabei que Eu sou Deus; serei exaltado entre os estrangeiros; serei exaltado sobre a Terra.". 

Que a Paz que excede todo entendimento, circunstância e realidade humana, encha os corações de vocês. E que a Fé, que nos faz transcender a tudo isso, nos impulsione pare essa nova dimensão em Deus que está disponível nessa época. Creia e Aquietai-vos!

Levanta-se e Ande!

"Então Jesus lhe disse: 'Levanta-se! Pegue a sua maca e ande.'" (João 5:8) "Tenho-vos dito isso, para que em mim tenh...