segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Levanta-se e Ande!






"Então Jesus lhe disse: 'Levanta-se! Pegue a sua maca e ande.'" (João 5:8)

"Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo." (João 16:33)


Eu acredito que há sempre dois comandos de Deus para todos nós assim que acordamos: um é "levanta-se e ande!"  e o outro é "tende bom ânimo!". Aqueles que acreditam que Deus nos levará no colo, não gostam muito dessas expressões, porque conota uma ação a partir de nós. Lendo a Palavra com atenção nós percebemos um Deus poderoso que pode fazer tudo por nós, no entanto, na maioria das vezes, ao invés de recebermos o que pedimos, ouvimos um sonoro "tende bom ânimo!".

Não é de hoje que a cultura do "só vitória" tem adoecido a igreja. O desejo de que Deus vai fazer alguma coisa por nós, nos faz esquecer do que já está feito. Nós entendemos que a função de Deus em nossa vida é resolver nossos problemas e tornar a nossa vida mais leve até que Ele venha. Entendemos errado! Nem sempre Deus resolverá nossos problemas. Sabe por quê? Porque Ele já resolveu o que precisava ser resolvido na cruz. 

Éramos como aquele homem que esperou a vida toda por uma cura, crendo que a água de um tanque poderia curá-lo (versículo no topo). Jesus veio e o curou a beira do tanque. Nós parecemos muito com ele. Usando a condição do homem como uma alegoria, entendemos que o pecado nos colocava numa situação a margem de Deus e, desde então, buscávamos a nossa "cura" em qualquer água que se movesse. Jesus veio e nos curou de vez. Nos curou da morte, da culpa, da condenação, da sentença de morte que estava escrita para nós... E agora? Voltemos ao tanque? Jamais. Mas não é o que acontece. Mesmo curados, nós voltamos ao tanque. Só que fazemos de Jesus esse tanque. Esperamos algum anjo vir e mover as águas toda vez que nos sentimos em apuros. Nos viciamos no mover das águas. É um ciclo vicioso. Se não há mover, não há Deus. E vivemos de mover em mover achando que a vida cristã é assim mesmo. É como se alguém curado de um câncer não largasse a quimioterapia. Como se um pássaro com a gaiola aberta não se achasse capaz de voar. Ou então, como se o amor que você esperou a vida toda te quisesse e você não o aceitasse. Por isso, Jesus disse a ele: "Levanta-se e ande!". É como se ele dissesse: "Agora é com você, meu filho. O que eu tinha que fazer, eu já fiz.". Você entende isso? 

Além da ordem de Jesus para levantar e andar, há um detalhe fundamental nesse ensinamento: Jesus ordenou que o homem tomasse a maca (cama) consigo. Ele foi curado, mas o símbolo de toda a sua aflição o acompanhou. Isso nos faz lembrar que, embora curados, as aflições seguem conosco nessa vida. Talvez sirvam pra nos lembrar que não somos autossuficientes, assim como o espinho na carne de Paulo. Paulo também ouviu uma espécie de "levanta e anda" com outras palavras. Paulo ouviu um "a minha graça te basta" (2 Cor 12:9). Que palavra maravilhosa! O mesmo Paulo que nos trouxe palavras de encorajamento e de vitória, que disse que a "morte é lucro" (Fp 1:21) e que "ninguém nos separará do amor de Cristo" (Rm 8:35), carregou sua maca e andou por toda a sua existência. A graça salvadora do nosso Senhor é mais que suficiente, o resto é só a maca. Estamos salvos, o mundo já foi vencido, mas o espinho está lá, a maca vai conosco. Glória a Deus por isso!

É fácil viver nessa dimensão de entendimento? Não! Jesus sabe que não. Embora já esteja consumado (João 19:30), Jesus concorda conosco e diz que no mundo teríamos aflições. E o que é estar aflito? É sangrar, é penar, é se chatear, é ser traído, é machucar alguém, é querer e não conseguir, é se envergonhar, é a doença incurável, é ter crise de ansiedade, é ter crise conjugal, é ver os filhos trilhando caminhos errados, é pecar, é estar inconformado com a cegueira de muitos, é querer sumir..., mas existem dois tipos de pessoas no nosso meio: aqueles que seguem o conselho de Jesus, têm bom ânimo, levantam e andam no meio da aflição, porque sabem que nossa vitória eterna está consumada. E aqueles que acham que é preciso voltar ao tanque em busca de um mover para que a vida tenha sentido. 

Se tivéssemos um deus hipócrita, talvez ele nos culpasse por desanimar, visto que a vitória já foi decretada na cruz. Mas o nosso Deus é bondoso e entende a nossa condição humana. Ele é mais que um resolvedor de problemas pontuais, Ele é um motivador. Ele nos lembra sempre que, não importa a situação que passamos, a vitória final já está garantida. É como se o filme já tivesse acabado com o final feliz, só que na nossa dimensão ele ainda esteja acontecendo. Deus já sabe o final, Ele já nos contou, inclusive. Só nos basta ter ânimo, levantarmo-nos e continuarmos andando. 

Vocês sabem qual é a cura da aflição? Jesus diz logo após afirmar que teríamos aflições: "(...)Eu venci o mundo.". A cura da aflição não é a ausência de problemas, mas o bom ânimo proveniente da certeza do já foi feito. Não é um bom ânimo do nada, da palavra positiva, da declaração profética, da criação de um mundo paralelo para fugir da realidade. Nada disso! É um ânimo vindo da certeza de que Ele venceu o que precisava ser vencido, a saber: o mundo. E o mundo significa tudo que nos causa aflição. Usamos muito a ação de Deus no futuro: "Deus fará". Meu irmão, Deus já fez. O dia que entendermos isso, os nossos "bichos" não serão tão feios assim. A verdadeira fé não é se Deus fará aquilo que precisamos, mas é crer que Ele já fez o que precisava ser feito. Está feito mesmo! Não importa o nome da sua aflição nesta vida, a eternidade já está garantida e nada é mais importante que isso. Aquilo que você buscava a beira do tanque já veio. Então saia daí! Parar nunca foi uma opção. Levanta-se e ande, em nome de Jesus!

Que Deus te abençoe.




quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Em Busca da Autenticidade Perdida

Vocês já pararam para pensar que só existe um de nós na história da humanidade? Jamais haverá outro você. Já passou uma quantidade incontável de pessoas por esse mundo, mas você só existe um. Agora imagine a história da humanidade como um imenso filme. Qual seria o seu papel nele? Qual a sua relevância nessa história? O que falarão de você quando sair de cena? Você deixará saudades ou deixará alívio? Ou, quem sabe, você sequer será lembrado? Nós, cristãos, sabemos muito bem que a nossa existência tem um propósito. Não estamos aqui a passeio. Mas, as vezes, esquecemos disso e vivemos carregando um fardo que chamamos de vida. Viver tem sido um grande sacrifício para cada um de nós. Mas será que o nosso propósito é sobreviver somente ao invés de desfrutarmos da oportunidade de atuarmos nesse imenso filme com alguma relevância?

Ultimamente tenho retornado com frequência ao passado. Não que eu queira, mas Deus tem me conduzido a momentos da minha vida que, de alguma forma, ficaram mal resolvidos. Confesso que não sei explicar, mas o que eu posso dizer é que essa regressão tem me feito ver o quanto o meu presente é falho. E a maior falha que podemos cometer é não sermos de fato aquilo que verdadeiramente somos. Ao ver meu passado e compará-lo com o meu presente, percebi que alguma coisa em mim ficou para trás. Nos esforçamos demais para parecer ser aquilo que querem que sejamos, que terminamos deixando para trás aquilo que na verdade somos, a nossa autenticidade. 

É esse ser autêntico que Deus escalou para o filme da humanidade. Porém, no meio do processo, nos achamos no direito de reescrever o roteiro. Nos apropriamos de características e personalidades que nunca foram nossas para nos adequarmos ao mundo que nos cerca. E assim, carregamos um fardo completamente desnecessário. Dá um trabalho danado não ser o que se é. E quando percebemos que esse fenômeno acontece? Quando a vida se torna um peso quase que insuportável.

Nós precisamos uns dos outros para percorrer a jornada da vida, mas mesmo que não haja ninguém do nosso lado, a nossa autenticidade será suficiente. Quando somos autênticos, nos tornamos a nossa melhor companhia. Mas, quando nos tornamos um personagem de nós mesmos, nos momentos mais difíceis é que percebemos o quanto é insuportável conviver conosco. Contudo, entenda, você não se odeia, você odeia a caricatura que criou de si mesmo. Nenhum personagem criado por nós se compara ao que Deus planejou para sermos. 

Deus se relaciona com esse ser autêntico. Porém, se você trocou seu verdadeiro eu por um personagem, infelizmente, não haverá Deus nessa jornada. Isso explica muito a nossa decepção com Deus. Queremos que Deus se relacione com o que nos tornamos e chagamos a achar que Ele se esqueceu de nós. Tudo o que ouvimos é um eterno silêncio, porque Deus não tem parte com personagem algum. Deus tem ligação direta com o nosso eu de verdade. Foi esse que Ele arquitetou, assim como arquitetou o sol, o mar, os animais e toda a criação. Tudo tem um propósito, por que você não teria?

A maior conversão que o ser humano pode experimentar é a conversão para si mesmo. É o retorno para o seu verdadeiro eu. Aquele que foi criado e planejado por Deus, para louvor e glória do Seu Santo Nome. Não importa o que pensam sobre você, nunca viva para agradar as pessoas. Isso acarreta no nosso maior drama: de deixar de ser o que na verdade somos. Deus te fez uma pessoa com o senso de humor apurado, então por que você se tornou essa pessoa mau humorada? Deus te planejou como alguém que arranca sorrisos espontâneos das pessoas por onde você passa, então por que as pessoas mudam os seus semblantes quando você chega? O que te adoeceu? O que te fez vestir esse vilão da história? Não, esse não é você. Lembra como você era romântico? Mas, agora, por causa de muitas desilusões, você escolheu ser frio. Afinal de contas, quem não ama nunca sofrerá por amor. E você acreditou nisso, não é? Saia dessa, essa não é você. Por que você se tornou esse militante de sabe-se lá o que? Você brigou com a sua família e amigos. Perdeu a admiração por pessoas que você tanto se espelhava. Por que? Você sabe que algo dentro de você te faz essas perguntas. Sabe quem é? É o seu verdadeiro eu. Ele está dentro de você acuado, trancado em uma masmorra do seu ser, ofuscado pelo personagem sem graça que você se tornou. Caia fora disso. Personagens não existem. É como se existissem, mas são meras criações caricatas. O seu ser autêntico é muito mais interessante que isso. 

A autenticidade não é confundida. Todos saberão quem é você. Você passará a verdade por onde quer que for. Não se importe com essas vozes na sua cabeça que te mandam mudar o tempo todo. Mudar pra quem? Mudar pra que? Seja você! Pague o preço por ser você! As pessoas vão te amar pelo que você é e, o melhor, você se amará e encontrará lugar nesse imenso e lindo filme que Deus escreveu para a humanidade.

Aqui eu deixo um trecho de uma canção de Caetano, cantado por Gal, que nos deixou essa semana:

"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é."

Que Deus te abençoe. 


Levanta-se e Ande!

"Então Jesus lhe disse: 'Levanta-se! Pegue a sua maca e ande.'" (João 5:8) "Tenho-vos dito isso, para que em mim tenh...