segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

FRACASSAMOS!

Eu não sei de que forma vocês enxergam esse vírus e tudo que ele proporciona. Eu enxergo como um teste de Deus para humanidade, isso inclui aqueles que se dizem filhos Dele. Olhando por essa ótica eu só posso dizer uma coisa: FRACASSAMOS! E eu não tenho dúvida que Deus sempre soube disso. Quando eu falo que fracassamos, não se sinta ofendido, porque falo de uma maneira geral. A humanidade fracassou na pandemia. 

Vou te citar alguns dos nossos fracassos:

Fracassamos no teste do tempo. O tempo é o Calcanhar de Aquiles da humanidade. Ao mesmo tempo que ele tem o poder de curar feridas, o tempo tem o poder de matar a nossa esperança e tirar as nossas forças. Eu lembro no início da pandemia que as pessoas procuraram cumprir os protocolos de saúde. Lavando as mãos corretamente, mantendo o distanciamento social higienizando alimentos, dentre outras rotinas pertinentes a um estado de calamidade. A medida que o tempo foi passando muitas pessoas foram abandonando essas práticas e  começaram a abusar um pouco mais. E o tempo nos engoliu mais uma vez. Pessoas próximas de nós que não poderiam de jeito nenhum ter contato com vírus, não só tiveram, como foram infectadas por ele. Não vou dizer que foi sorte mas eles poderiam ter ido embora por causa da nossa negligência. O tempo vai matando a gente aos poucos e a gente não percebe. Esperar não é o nosso forte e cumprir regras muito menos, então sempre caímos na mesma mentira de que agora está tudo bem, porque esperar requer disciplina. O vírus está aí até hoje, mais letal do que nunca. Ouvimos sobre a morte de um famoso ou alguém próximo de nós e logo o sinal de alerta é ligado, mas logo vem o tempo e o alerta vai se apagando. Fracassamos por não respeitarmos o tempo, fracassamos por nunca termos aprendido a lidar com ele. 

Fracassamos por, sabendo o que é o certo, não fazê-lo porque muitos não fazem. Isso é muito comum para pessoas que vivem em detrimento de outras. Ou seja, se uma maioria age de forma irresponsável, logo, para não parecer diferente da maioria, faço como eles para me sentir inserido. Pensamos: "Por que não devo ir à praia se o Instagram do meu amigo está cheio de fotos de um final de semana na praia? Ele parece tão feliz! Por que eu tenho que me isolar se eu posso curtir a vida?". Fracassamos porque não temos firmeza o suficiente para fazer o certo, ainda que todo mundo faça o errado. 

Fracassamos quando não reconhecemos nossos limites. E o vírus nos impôs um limite. Ele é mais forte que nós. Até hoje não se sabe com muita clareza a sua letalidade, o que se sabe é que ele está longe de ser uma "gripezinha". Muito mais que isso, ele mata e mata rápido em muitos casos. Tenho visto notícias de família acabarem por causa do vírus. Isso mesmo: pai, mãe e filhos, todos mortos pelo vírus. Por que então nos sentimos tão poderosos? Reconhecer o nosso limite é uma vitória nesses dias. Ainda sobre isso, uma médica me disse que até os que passaram "tranquilamente" pelo Covid, ou seja, os assintomáticos, correm sérios riscos. Uma vez que o vírus entra no nosso organismo, ele produz algumas mudanças, geralmente alguma inflamação. O que acontece é que mesmo não aparecendo nenhum sintoma no momento, no futuro podem aparecer patologias graves decorrentes ao Covid em pessoas assintomáticas. Por isso nosso corpo reage provocando trombose ou até mesmo coágulos no cérebro algum tempo depois. Sendo assim, além de ser um transmissor, o assintomático pode se tornar uma vítima fatal do Covid sem sequer ter um dos sintomas comuns. Há um limite, e ele precisa ser respeitado. Fracassamos quando batemos no peito e dizemos que somos privilegiados. 

Fracassamos porque somos ignorantes. A ignorância é a via mais pavimentada para a disseminação do vírus. Entendam uma coisa: a ignorância não é uma imposição onde o ignorante é uma vítima da falta de informação. Não! Com tanto acesso a informação, a ignorância passa a ser uma opção mesmo. O não saber não faz de nós isentos de culpa, muito pelo contrário, nos torna vilões nessa história. A ignorância mata, a ignorância fere, a ignorância traz confusão... O mal intencionado encontra no ignorante o seu par perfeito, é uma relação perfeitamente maligna. O mal intencionado diz: "Não use máscara! Ela causa sérios problemas respiratórios.", e o ignorante reproduz isso pra outros ignorantes. O mal intencionado diz: "não tome vacina, ela causa câncer, HIV e outras doenças." e o ignorante compartilha pra quantas pessoas puder nas redes sociais. O mal intencionado diz: "não acredite na ciência, há um plano maligno para matar a população em massa." e o ignorante passa isso adiante com uma "autoridade" impressionante. O mal intencionado diz: "não fique em isolamento, as pessoas morrem mais isoladas do que expostas." e, pra finalizar, o ignorante espalha isso e ainda pratica. A ignorância mata! O ignorante de tão ignorante que é, se acha mais inteligente que todo mundo. O Evangelho nunca foi na contramão da prudência e a fé nunca foi inimiga do conhecimento. Fracassamos porque escolhemos ficar do lado da ignorância. Não somos vítimas. 

Fracassamos porque perdemos a empatia pelos que se foram. No início, quando tudo era uma cruel realidade, muitos sentiam o pesar pelas vidas levadas pelo Covid (embora outros nem isso), mas ao passar do tempo e do número de vítimas, cada pessoa morta por Covid passou a ser mais um pra estatística. Estou lendo uma reportagem nesse exato momento que uma Rave (um tipo de evento/festa) com o nome de "Epidemia" para mais de 1.500 pessoas no interior de São Paulo foi impedida pela fiscalização local (https://g1.globo.com/google/amp/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2020/12/26/fiscalizacao-impede-rave-clandestina-com-centenas-na-zona-sul-de-ribeirao-preto-sp.ghtml?__twitter_impression=true). Não preciso dizer mais nada, não é? Quem em sã consciência no meio de uma pandemia que ceifou quase 200.000 pessoas faria um evento para 1.500 pessoas, ainda por cima com o nome de "Epidemia"? Isso é possível. Sabe por que? Porque não nos preocupamos com a nossa vida, com a vida do próximo e não temos um pingo de empatia por aqueles que se foram ou estão há dias em um leito de UTI, porque fracassamos. Tão difícil quanto reanimar a saúde de alguém em estado gravíssimo por Covid é reanimar o coração de pedra de uma geração bonita por fora, mas morta por dentro.

Fracassamos naquilo que chamamos de amor. Não temos a menor ideia do que significa amar. O vírus é um grande insentivo à prática do amor ou um grande desmascarador das nossas vergonhas. O vírus procura um lugar para habitar e esse lugar é o nosso organismo. Uma vez habitando, nós temos parte com ele nos tornamos uma espécie de vírus ambulantes. Então, além de objetos passivos nesse processo, nós somos objetos ativos. Recebemos e transmitimos. Ou seja, passamos facilmente de vítimas para agentes do mal. Isso é claro para todos. É falado todos os dias há quase um ano em verso e prosa na mídia, nas rodinhas de amigos e nas redes sociais. Não é surpresa pra ninguém. E o que deveríamos fazer nessa realidade? Nos amar (nos protegendo do vírus) e amar o próximo (respeitando todos os protocolos, pois posso ser um transmissor e não sei). Fracassamos em ambas as expressões de amor. Ficou claro que não nos amamos, porque não levamos a sério um vírus que pode nos matar. E muito menos amamos o próximo, porque colocamos a vida de outras pessoas em risco por causa do nosso egoísmo e irresponsabilidade. Jesus estava certo sobre o amor esfriar. O ano de 2020 foi uma aula prática sobre isso. Não amamos ninguém, nem a nós mesmo. Fracassamos!

Onde está Deus? Deve ser a pergunta mais comum dessa pandemia. Muitos não sabem responder essa pergunta e outros a respondem de uma forma superficial como se tivessem uma fé que na verdade nem tem. Mas Deus não é a tese desse teste. Não é sobre Deus, é sobre nós. Onde está o homem? Essa pergunta não é difícil de responder. Está na Terra, cada vez mais egoísta, cada vez mais fracassado. E engana-se quem pensa que o egoísta ama a si mesmo de forma exagerada. O egoísta ama o prazer de maneira exagerada. Podemos chamar de edonista, é um nome mais adequado para isso. Porque o que o homem demostrou nessa pandemia passou longe de um amor por si mesmo exagerado, mas um amor pelo prazer. Por isso deu um jeito de sair, beber, festejar, ir à igreja, etc. Se o egoísmo fosse amor por si, o homem ao menos se preocuparia com sigo e com a sua vida, mas não. Que dirá com próximo. 

Fracassamos na nossa incapacidade de aprender. E quantos ensinamentos essa pandemia está nos trazendo. Mas somos maus alunos. Podíamos aprender que o afeto, o contato e a relação humana é importante. A era digital nos distanciou, embora nos aproximasse virtualmente. Por que reclamamos tanto do isolamento se essa geração é expert em se isolar?  Poderíamos ter aprendido sobre o valor das coisas. Supervalorizamos  coisas que não tem tanto valor e subvalorizamos coisas que tem um valor imensurável. O dinheiro, o poder, a fama não impediram que muito fossem entubados por dias em UTI's e tantos outros outros viessem a óbito. Essas pessoas trocariam tudo isso por um cafezinho e um pãozinho quente com suas famílias na mesa do café da manhã. 

Todos esses nossos fracassos na pandemia só refletem o que espiritualmente temos sido ao longo dos anos. O tempo esfriou a nossa espectativa pela volta de Jesus, com isso passamos a agir como todo mundo para nos sentimos inseridos. Como humanos não reconhecemos que precisamos de um Salvador e que a morte é mais forte que nós. Em busca pelo prazer, deixamos de lado o maior dos mandamentos, o amor. Não amamos a nós mesmos e muito menos ao próximo. A pandemia só vira o holofote em nossa direção para mostrar a nossa nudez, que não vem de hoje. Precisamos de ajuda. Precisamos reconhecer nosso fracasso e nos entregarmos a Deus. Só Ele pode nos fazer vendedores, ou melhor, mais que vencedores. E não estou falando de vencer somente o Covid-19, mas vencer a nós mesmos.

Perdoa-nos, Senhor! 


segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

ORAÇÃO, UMA PROVA DE AMOR



 "Estamos à uma oração de distância do criador do universo" 

(Pr. Rael)

Oração não deveria ser um ato esporádico e ocasional. Orar deveria ser como se alimentar, trabalhar, se vestir. Oração deveria fazer parte da nossa rotina de vida. Comumente, oramos porque precisamos de algo, certo? Isso diz muito sobre o que entendemos sobre Deus, sobre nós e  sobre a vida. Se vemos Deus como alguém superior que pode resolver nossos problemas, só vou procurá-lo quando aparecerem os problemas. Uma vez que os problemas são resolvidos (por Deus ou não), não oramos mais e a vida segue.

Uma característica de quem não entendeu o que é a oração é mecanizar a oração. Mudamos o tom de voz e usamos de palavras mais rebuscadas, achando que assim Deus estará mais atento a nós. Pastor Neil consuma dizer que não respeitamos a inteligência de Deus quando queremos parecer o que não somos com o intuito de impressioná-lo. "Para de palhaçada, Neil!", diz ele conjecturando Deus em ocasiões como essa. 

Também é comum que os que não entendem o que é oração procurarem lugar propício ou favorável para fazê-la. Como se Deus só estivesse atento em determinados lugares e em determinadas situações. A igreja e o quarto são lugares ideias para orações, isso está correto. A Bíblia chama a igreja de "Casa de Oração" e Jesus nos aconselha a orar em "nossos aposentos", de preferência a sós e em silêncio. Mas a gente pega isso e transforma em regra. Não, todo lugar é ligar de oração, assim como todo lugar é lugar de adoração e todo lugar é lugar de fazer o bem. Essa é a a maravilha de servir a um Deus onipresente e onisciente, não é mesmo? Nosso Deus é Todo Poderoso. E por que o limitamos tanto quando o assunto é oração? 

Certa vez D.L. Moody disse que não orava mais que cinco minutos, mas também não passava mais de cinco minutos sem orar. Eu acho isso fantástico. Foi sobre isso que Paulo falou em 1 Tessalonicenses 5:17: "Orai sem cessar.". A oração não precisa ser um ato com hora marcada e lugar adequado, a oração precisa ser encarada como algo que podemos fazer o tempo todo. Temos em mente a imagem de alguém com os joelhos calejados e com um semblante abatido quando usamos a expressão "homem/mulher de oração". É admirável que seja assim, mas não necessariamente o é. Na verdade, "pessoas de oração" são pessoas que oram e você  nem sabe, porque não fazem questão que saibam, sabendo que a oração não é um ato, mas sua essência, sua vida. 

Você já experimentou orar por um desconhecido, em um transporte público, por exemplo? Não estou falando em levantar em um ônibus e pôr a mão na cabeça de alguém, não, não... Estou falando em olhar para aquela pessoa e orar a Deus em espírito. Você não tem a menor ideia do que aquela pessoa está passando, mas está elevando aquela vida a Deus. Você nunca, provavelmente, salvou alguém de um assalto, ou de um homicídio. Posso afirmar que esse tipo de coisa não faz parte do nosso dia a dia. Mas você pode, através da oração, causar um grande impacto  em uma vida, sabia? Qualquer vida, em qualquer lugar e em qualquer ocasião. Você pode, aliás, estar orando por alguém enquanto essa pessoa fala com você, enquanto ela te expõe um problema. Você pode orar em casa por ela? Deve, é claro. Mas você pode orar ali mesmo, indo pra casa, trabalhando, cozinhando...? Bom, é quando ignoramos isso que limitamos Deus e atestamos que não sabemos nada sobre oração. A religião te enganou mais uma vez, lamento. 

A oração é um ato de amor:

Amor para com Deus, porque quando oramos nós nos relacionamos com Ele. Por isso, mesmo sabendo de tudo que precisamos, Ele faz questão que tenhamos uma vida de oração. Então quando oramos, nós agradamos o Pai, pois ele é um Deus relacional. Ele não quer ser visto como alguém que só soluciona nossos problemas. Afinal de contas, você como pai ou mãe, gostaria que seu filho se aproximasse de você só quando precisa que você resolva seu problema? Dê certo que não. Nos amamos quando nossos filhos se aproximam de nós com a única e exclusiva vontade de estarem conosco, conversarem conosco. É isso. 

Amor próprio, porque quando oramos nós estamos diante da fonte da nossa vida, daquele que nos ama, daquele que tem o melhor para nós. Se dizemos que nos amamos e não oramos, nós estamos extinguindo dos nossos dias o contato com aquilo que nos faz melhor, Deus! Você se ama demais quando ora.

Amor ao próximo, porque não há ato de amor mais verdadeiro do que a oração e eu vou explicar porquê. A oração é um ato oculto e, na maioria das vezes, não presenciado por mais ninguém. Ali é você e Deus, e você falando para Deus sobre uma outra pessoa. Que ato lindo! Talvez a pessoa nem saiba, mas você está colocando os dilemas dela diante de Deus e isso tem um poder enorme. Fazemos tão pouco isso. Sabem por que? Porque não tem ninguém para nos aplaudir, não ganhamos nada com isso... Por isso a oração pelo outro é um ato de amor, porque "não ganhamos nada com isso", aliás, ganhamos sim, a provisão de Deus na vida deles. Como é gratificante você ver a provisão de Deus na vida de alguém que você ora e que só você e Deus sabem que você se dedica a ela em oração. E isso é tão poderoso que Deus nos abençoa naquilo que nem oramos quando oramos pelo próximo. Deus vai lá e te agracia com alguma benção. Com Jó foi assim: "Mudou o Senhor a sorte de Jó, quando este orava pelos seus amigos; e o Senhor deu-lhe o dobro de tudo o que antes possuíra.". Em meio a tanta destruição, Jó não orou por si. Ele orou pelos seus amigos, e mais do que isso, amigos que o acusavam e o culpavam pela situação trágica que ele vivia. Jó cobria seus amigos com oração e o próprio Deus cobria Jó com provisão. Não é lindo isso? 

Assim é a vida daquele que não vive como se o universo girasse em torno do seu umbigo. Essa é a a vida daquele que faz da oração seu pão, seu chão, seu respirar. 







terça-feira, 15 de dezembro de 2020

TRANSFORMANDO TEORIA EM EXPERIÊNCIA


Nenhuma teoria tem valor se não for transformada em experiência. Na verdade, a teoria é o registro da experiência. Se eu falar para alguém com sede que beber água resolverá o seu problema, não vai adiantar de nada se o sedento não bebê-la. A teoria mostra o caminho, o que deve ser feito, mas a experiência dá vida à teoria. Eu posso fazer um texto descritivo sobre o amor, ou seja, usar as melhores palavras, os melhores exemplos, tentar desenhar o que eu sinto, mas você nunca saberá o que se passa no meu coração. É uma experiência minha, mesmo que você tenha vivido algo parecido, nada pode fazer você sentir o que eu sinto só porque descrevi em detalhes. 

Uma vida baseada em teorias é superficial e vazia. Não tem como eu perdendo o paladar (tem acontecida muito por conta da Covid), devorar uma macarronada suculenta e estar satisfeito com isso. Não tem como. Eu certamente não morreria de fome, mas ficaria profundamente frustrado, pois eu sei o quanto é saboroso, porém não consigo degustar. 

É como transformar a água em vinho. Agora vou usar água em outro contexto. Comparada ao vinho, que simboliza a alegria, a água não tem gosto (insípida), não tem aroma (inodora) e não tem cor (incolor). Já o vinho tem um gosto marcante, um aroma inconfundível e uma cor vibrante (no caso do vinho tinto). Esse foi o primeiro milagre de Jesus, transformar teoria em experiência. Transformar uma vida insípida, inodora e incolor, em uma vida marcante, inconfundível e vibrante. 

Quando Jesus entra na nossa vida, a nossa água precisa ser transformada em vinho. Quando Jesus realizou esse milagre em Caná da Galiléia durante um casamento, ele usou de utensílios dos rituais judaicos. Isso tem um sentido. Aquele povo estava preso em um estado permanente de teorias. Suas crenças eram baseadas nas tradições judaicas e costumes. Às experiências ficaram lá atrás em Abraão, Isaque, Jacó e etc... Eles tinha só a teoria e às experiências dos seus "pais", como eles mesmos chamavam os patriarcas. Então, Jesus usou desses utensílios para mostrar que a tradição, os costumes e às leis só teriam algum significado se fossem transformadas em experiências. O vinho nesse caso é a experiência, é a verdade saltando das páginas da Bíblia e encarnando em nós. 

Fatalmente nos tornamos hipócritas quando habitamos somente no universo das teorias. Por isso que quando Jesus abria a boca para ensinar, muitos ficavam impactados com a autoridade. A Palavra só tem autoridade quando ela se torna verdade na vida de quem fala, quando eu falo o que eu vivo. Essa é uma das grandes armadilhas que muitos dos que seguem Jesus caem: acharem que conhecer sem experimentar é suficiente. Então nos enganamos. 

Jesus certa vez curou um cego de nascença. Ele era conhecido por todos, pois ficava na rua dia após dia pedindo esmolas. Jesus viu a condição daquele homem e o curou, sem nem sequer o homem ter pedido. Logo os fariseus começaram a questionar a veracidade daquilo. Primeiro questionaram as pessoas que presenciaram ocorrido, não satisfeitos questionaram os pais do rapaz se ele era realmente cego de nascença e, por fim, questionaram o próprio rapaz. A resposta dele é a mais simples e mais poderosa possível: "...Uma coisa eu sei: eu era cego e agora vejo." (João 9:25b).

Os grandes teóricos do tempo Jesus nunca iriam entender o que aquele homem viveu. Além de hipócrita, o teórico termina se transformando em alguém insensível. Eles estavam problematizando a experiência de uma outra pessoa. O homem estava ali, vivendo pela primeira vez a experiência de ver o mundo e os religiosos preocupados se aquilo feria alguma teoria deles. E mediante a tanto interrogatório, em outras palavras, o homem disse: não me importa como foi feito e qual a procedência de quem fez isso comigo, importa que eu era cego e agora vejo. Isso é lindo e a gente precisa entender de uma vez por todas. Existem situações em nossas vidas que teoria nenhuma vai explicar, só a vivência. Gostam de nos pedir provas da existência de Deus, da razão da nossa fé e a gente só consegue dizer "eu não sei como ocorreu, eu ouvi sua Palavra e cri", "Eu vivia em grande tribulação dentro de mim, agora eu tenho paz", "eu me sentia odiado, agora eu me sinto profundamente amado". O nome disso é experiência. É o que acontece dentro, não fora. 

A maior prova da ressurreição de Cristo não é um sepulcro vazio, mas um coração cheio. E só quem abre o coração pra receber essa ressurreição vai entender isso.

Creia e viva isso! 

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

A PRUDÊNCIA NÃO É INIMIGA DA FÉ



"Pouca prudência pode induzir os homens a optar por coisas que de momento têm sabor agradável, mas internamente estão repletas de veneno." 

(Maquiavel)

Ao contrário do que muita gente pensa, a prudência não é inimiga da fé, muito menos exerce uma papel de antagonista à fé. Vivemos dias terríveis por causa do Covid e nunca foi tão necessário que o ser humano se comportasse com prudência. E o que é prudência? Segundo o dicionário é uma "virtude que faz prever e procura evitar as inconveniências e os perigos; cautela, precaução.". Então por que em muitas ocasiões abrimos mão da prudência como se ser prudente fosse um sinal de fraqueza ou falta de fé? Jesus enquanto homem se comportou com prudência? Essas são algumas perguntas que tentaremos responder nesse texto .

Estamos em um projeto de estudo do evangelho de João em podcast, e como tem sido maravilhoso relê-lo. Lendo com atenção a gente consegue visualizar, através das palavras, uma personalidade definida em Jesus. E mesmo sendo Deus e tendo todo o poder para resolver qualquer situação ele usou de prudência o tempo todo. 

O início do seu ministério foi uma maravilha, pessoas o seguiam porque ele fazia muitos milagres, sinais e prodígios. Os endemoninhados eram libertos, os doentes curados, pescas maravilhosas eram feitas, tempestades eram acalmadas, pães e peixes eram multiplicados. No entanto, a medida que a fama de Jesus crescia, ele começou a chamar a atenção da alta cúpula religiosa dos judeus. Então muitos passaram a seguí-lo no intuito de conhecê-lo melhor. À medida que Jesus ensinava a sua Palavra, e sua Palavra confrontava a prática pecaminosa dos judeus e ofendia às suas crenças equivocadas, Jesus passou a ser perseguido e ameaçado de morte.

Sabendo disso, o que Jesus fazia? Bom, se fosse pela ideia de prudência que temos hoje, Jesus encararia de frente os que queria matá-lo, que o Pai o livraria. Mas não era exatamente isso que Jesus fazia. Em João 7:1 nós vemos isso com mais clareza: "Depois desses fatos, Jesus andou pela Galileia, porque não queria passar pela Judeia, pois os judeus procuravam matá-lo.". Essa foi uma de muitas situações semelhantes. Jesus sabia que morreria pelas mãos dos religiosos, mas sabia que ainda não era a hora. Sua arma nessas horas não era a fé, a ousadia, a intrepidez ou o seu poder sobrenatural. Sua arma era a prudência. Se Jesus agia com prudência, o que nos falta para entendermos que devemos fazer o mesmo.

Então eu posso afirmar categoricamente que se Jesus foi prudente para que a obra do Pai fosse completa, nós também devemos ser. Há um tabu no nosso meio que se tornou uma verdade para muitos, que não importa o que eu faça a vontade de Deus no final vai ser completa na nossa vida. De onde veio essa história? Jesus me ensina que por mais lindos que sejam os planos de Deus pra minha vida, se eu não for prudente, eles podem ser interrompidos sim. 

É da nossa falta de prudência que surgem os nossos "onde está Deus?". Deus está no mesmo lugar, com promessas de vida e paz pra você, só que você escolheu o caminho da "fé cega" da "espiritualidade de faixada" e se esqueceu da prudência. Por se acharem crentes de mais muitos chamaram o Covid de "gripezinha". Muitos acreditam que a máscara faz mal e é um plano maligno para afetar nossa respiração. Bom, já ouvi de um tudo. Isso não é fé e nem confiança em Deus, é imprudência e irresponsabilidade. Aí quando o dia mal vem essas pessoas perguntam "onde está Deus?". 

Portanto, como imitadores de Cristo que somos como discípulos amados, sejamos como ele, PRUDENTE. Use máscara, saia de casa em extrema necessidade e tomando todos os cuidados, não canse de higienizar tudo que pôr a mão. A prudência é sobretudo um ato de amor. Então ame-se, ame ao próximo, ame o plano que Deus tem para a sua vida e o proteja agindo com prudência.

Quer ser chamado de filho de Deus? Seja prudente!

Deus te abençoe. 

 





terça-feira, 1 de dezembro de 2020

SENSO DE JUSTIÇA


"Buscai, assim, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas."

Eu amo Mateus 6, principalmente a partir do versículo 24 e sinto um enorme gozo ao ler o versículo 34 (versículo no topo do texto).

Nesse versículo, que completa com chave de ouro tudo que foi dito anteriormente, fala, sobretudo, em que devemos depositar o nosso coração enquanto habitantes deste mundo. Ele fala sobre coisas preciosas que devemos buscar, e eu entendo busca como algo a ser perseguido constantemente. E ele fala sobre coisas que nos serão acrescentadas naturalmente se buscarmos as que eu citei anteriormente. Então, nesse primeiro diagnóstico percebemos que na nossa vida terrena existem coisas que precisam ser buscadas com todo o coração e coisas que são consequência dessa busca, ou seja, que não necessitam que depositem o os nossos corações nelas, a ponto de nos tirarem a paz e consumirem o nosso tempo. Tempo esse que deve ser usada, antes de tudo para buscarmos às coisas de valor para Deus. 

Bom, vocês sabem que eu já falei desse mesmo versículo em outros textos, gosto realmente muito dele e sei que ele se encaixa em quase tudo na nossa vida. Já falei sobre buscar o Reino de Deus, que é a nossa busca pelo eterno. Nada é mais precioso do que o que é eterno, pois nunca vai perecer. Então por nós nos dedicamos tantos naquilo que não faz parte da eternidade? Já falamos sobre isso. Falamos que o amor é o que há de mais eterno que podemos nos dedicar nessa vida, pois nem a fé e nem a esperança são eternos, mas o amor sim, como diz Paulo. Já falamos também sobre isso em outros textos.

Falamos também sobre "todos essas coisas" que serão acrescentadas. Estamos constantemente ansiosos e aflitos por causa dessas coisas que Deus garantiu que nos daria naturalmente se buscassem os o seu Reino. Como muitos não buscam o eterno, terminam buscando essas demais coisas e dedicam suas vidas a elas. Por isso tanto estresse, tanto cansaço emocional, tanta vida vivida pela metade. Já falamos sobre isso. 

Ao lermos esse texto muita gente pensa: "opa, se eu buscar o Reino eu terei as coisas!". Bom, o foco geralmente está nas coisas. Mas as coisas são o foco do texto e sim a busca. A busca é a recompensa, não a consequência da busca. A consequência é acréscimo, a busca é a essência. 

Porém nessa semana me saltou nesse versículo algo que geralmente passa despercebido ou é pouco valorizado. "Buscai, assim, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça...". O texto fala da busca pelo Reino de Deus "e...". É desse "e" que eu quero falar um pouco com vocês.

O que seria buscar "a sua justiça"? Logo quando pensamos em justiças, pensam pela ótica humana. "Aqui se faz, aqui se paga", "Deus pesará a mão", "isso não vai ficar assim", essas coisas. Mas vocês já pararam para pensar como funciona a justiça de Deus? Em muitos aspectos, não vou dizer todos, ela é completamente diferente daqui que consideramos justo. O versículo de Mateus 6:34 fala sobre buscar essa justiça. E vou explicar um pouco porquê.

Já pararam pra pensam como se deu a nossa salvação. É pela graça, favor imerecido. Isso está claro para vocês, certo? Vocês já notaram o absurdo dessa afirmação? Nada mais injusto do que um favor imerecido. Pense comigo: Deus em toda a sua glória não poupou a vida do seu Filho Jesus e o entregou para morrer como um criminoso em uma cruz por causa no NOSSO PECADO. Ele não morreu por justos, ele morreu por pecadores. Quer algo mais injusto que isso? Jesus poderia alegar injustiça ao Pai: "por que eu deveria morrer por esses pecadores?". Pela justiça humana, o fictício pedido de Jesus faria todo o sentido. É como se alguém cometesse um crime contra você e você que fosse para prisão. Cadê a justiça? Pra nós nós existe, mas pra justiça de Deus faz todo o sentido. É dessa justiça que estamos falando.

Por isso é tão difícil a gente aceitar que o pior ser humano desse mundo pode ser salvo. Matou, roubou, estuprou, enganou e... foi alcançado pela graça. Como pode isso? Não tente entender isso pela justiça humana. Mesmo porque a justiça humana poupo importa para os oráculos de Deus, como diz em Isaías 64:6: "Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades como um vento nos arrebatam.". 

O homem por causa do seu senso de justiça termina colocando Deus dentro do seu julgamento. Ou seja, podemos ver por toda a parte pessoas falando em nome de Deus que bandido bom é bandido morto. Essa é a nossa justiça, não a de Deus. Vemos cristão fazendo "arminha com a mão" como sinal de fazer "justiça com as próprias mãos" em nome de Deus. Isso não tem nada a ver com Deus, tem a ver com o nosso senso falho e fracassado de justiça. Faça o que quiser, só não tente encaixar Deus dentro da sua justiça. Ou melhor, mude a sua justiça pela Dele, isso que sugere o texto, não o contrário. 

Por isso que muitas vezes consideramos Deus injusto, pois analisamos pelo nosso senso de Justiça. Portanto, eis a necessidade da busca pela justiça de Deus. Deve ser buscada com todo o coração assim como o Reino de Deus, como sugere o versículo base desse texto.

Essa vida terrena só tem valor quando buscamos o que de fato merece o nosso esforço e a Bíblia nos mostra o caminho. Nada fará sentido se a sua vida não é pautada pela busca do eterno e analisada pela Justiça de Deus. Fora disso é só humano, perspectivas humanas, planos humanos, ambições humanas e justiça humana. Nada serve, é tudo vaidade...

Deus te abençoe! 

Levanta-se e Ande!

"Então Jesus lhe disse: 'Levanta-se! Pegue a sua maca e ande.'" (João 5:8) "Tenho-vos dito isso, para que em mim tenh...