terça-feira, 15 de junho de 2021

Pai Nosso - Aba Pai



"Pai nosso, que estás no céu!"(Mateus 6:9)

A primeira grande revelação que temos nesta oração está no início dela. Ouso dizer que é a informação mais importante, pois toda a oração girará em torno disso: O Deus, que está no céu, é o nosso Pai! 

Estudiosos dizem que Deus se autodenomina de 250 formas diferentes. Algumas delas mais conhecidas como: Senhor, Eu Sou, Todo Poderoso, Altíssimo, Santo, Senhor dos Exércitos, Criador, entre outras. Porém, Jesus nos traz essa faceta que muitos não conheciam na época, o Deus que é Pai. Ele é nosso Pai. E é ao Pai que nos dirigimos nessa oração.

Jesus poderia dizer para os seus discípulos orarem com temor e tremor, porque, ao orarem, eles entrariam na sala do trono onde o Rei dos Reis está assentado no seu trono com o seu cetro de justiça na sua destra. Onde os querubins se apresentam para serví-lo e os seres celestiais cobrem os seus olhos por não aguentarem olhar para tamanha glória que resplandece do seu trono. Jesus não falou nada disso. Não que Deus não seja isso, mas, nesse palácio real, o Rei é o nosso Pai. Então basta você chegar no seu quarto, fechar a porta e chamar pelo seu Pai. 

Diferente da imagem que se tinha de Deus no Antigo Testamento, Jesus eleva a nossa relação com Deus para a relação de Pai e Filho. Ele quebra todo um paradigma que foi criado sobre um Deus tirano que pune aqueles que não o obedecem, para uma Pai que perdoa e ensina com mansidão. Esse é a primeira e grande revelação desta oração. Um pai de verdade, que te ama pelo que você é, não pelo que você faz. Todo pai quer ver no filho a verdade e a sinceridade sempre, mesmo que isso o leve a pecar. Um pai de verdade não abre mão de um filho, mesmo que esse não o queira mais. Ele sempre estará de braços abertos esperando o filho voltar.

O excesso de temor e tremor termina causando uma ruptura na intimidade. Temor tem que gerar respeito e admiração, mas nunca medo e distanciamento. Existe uma linha tênue que separa o temor (medo) do temor (respeito). Há não muito tempo atrás, os filhos tratavam os pais como a Senhores. Por um lado tinha o respeito, mas por outro era uma relação mais de medo do que de amor. Mais de respeito do que de intimidade. Mais de servidão do que de companheirismo. 

Era comum o pai dizer ao filho: "eu não sou teu amigo, sou teu pai!". Como se ser amigo do filho fosse uma falta de respeito. O autoritarismo nos fez ver Deus de uma forma equivocada. Nós, na figura de pais, temos fixação exagerada pelo respeito. Impor limites está em primeiro lugar. Dizemos: "imponho limites porque amo", pode ser verdade, mas nada pode estar na frente do afeto e do companheirismo. Senão, ao invés de pai, você termina virando um chefe do seu filho. Precisamos ensinar, mas antes cuidar. Precisamos disciplinar, mas antes conversar. Precisamos negar, mas antes dar exemplo. Nunca, em hipótese alguma, nossos filhos têm que nos ver como tiranos, alguém que se deve ter medo. Se essa é a imagem que passamos, falhamos miseravelmente.

Diferente dos nossos métodos falhos de educação, Deus nos trata como filhos livres. Ele em nenhum momento nos impõe o medo a Ele. O Pai trabalha com a didática da liberdade e da consequência dos atos. Diferente de nós, Deus permite que quebremos a cara, se essa for a nossa escolha. O que Deus não abre mão é de nos ensinar. Ele ensina quantas vezes for preciso, principalmente quando a gente quebra a cara.

Jesus não disse àqueles homens que eles precisavam ser perfeitos para chamar Deus de Pai. Ele é Pai, independente se somos fiéis ou não. Mas para sermos filhos, precisamos receber Jesus como irmão. Essa é a única exigência. Está lá em João 1.12: "Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, ou seja, aos que crêem no seu Nome". Crer em Jesus nos faz filhos do Pai de Jesus.

O filho pródigo (Lucas 15: 11-32) era rebelde, mas nunca deixou de ser considerado filho. Embora seu comportamento fosse de herdeiro somente. Alguém que tem direitos. Ele não estava interessado no amor do Pai, mas nas riquezas que ele possuía. Então, como herdeiro, pediu suas contas e foi embora. O Pai não se opôs. A imposição não é o método do Pai. O Pai poderia obrigá-lo a ficar, ameaçá-lo, mandar seus homens impedí-lo, mas, embora seja uma decisão dura, deixá-lo ir é a decisão mais paternal possível. O amor é fruto da liberdade. O amor não se obriga, o amor se desenvolve livremente. 

Entretanto, deixá-lo ir não significa virar as costas para o filho ou ignorar sua existência. Não, mesmo de longe o Pai está atento ao que acontece com o filho, mas respeitando a decisão do mesmo. Existe um conto que é mais ou menos assim:

"Havia um filho único, que sempre vivera e dependera dos pais. No entanto, ele cresceu e decidiu estudar em outra cidade. Para isso, ele deveria morar lá e se virar sozinho. O pai, meio contrariado, conversou com a mãe e eles concordaram em deixá-lo ir. Chegando o dia do embarque, o pai estava com o coração em pedaços na estação de trem da cidadezinha que eles moravam. O filho, também com o coração doído, mas muito determinado no que queria, entrou no vagão e foi em busca dos seus sonhos. Ele nunca havia saído sozinho e esse caminho era cheio de ladrões e aproveitadores. Como perceberam que ele estava só e com uma aparência um pouco tímida, os bandidos logo o abordaram e levaram tudo que ele tinha: o bom dinheiro que o pai lhe dera, recordações de sua casa, livros da universidade, enfim, levaram tudo. A sua única reação possível foi abaixar a cabeça e chorar. Então, de repente, uma mão tocou em seu ombro e lhe disse com voz mansa: 'Filho'. O jovem logo reconheceu aquela voz e viu que era seu pai. Então ele disse: 'Pai, o que o senhor faz aqui?'. O pai lhe respondeu: 'Meu filho, eu estava o tempo todo no último vagão te observando de longe. Eu não posso evitar que você crie asas, mas posso estar sempre por perto, ainda que você não perceba.'"

O filho pródigo livremente foi embora e livremente voltou. Percebeu sozinho que havia sido injusto com o Pai e que nunca tinha sido filho de verdade. Descobriu que nada era mais valioso do que ser filho daquele homem, nem mesmo suas riquezas. 

Muitos não voltam, eu sei. É o risco divino. Porém, muitos estão na casa do Pai sem ser filhos de verdade, só fazendo figuração. Ou pior, abusando da bondado do Pai. Esses são como se não estivessem. Ser filho não é somente carregar o nome de alguém ou morar em uma mesma casa. Ser filho é ter uma relação mais que sanguínea, mas uma relação de intimidade sem par. 

Encurte a distância entre Deus e você. Não precisa ter tanto medo Dele. É sobre isso que Jesus está falando quando nos ensina o "Pai nosso". Ele é nosso. Cabe a nós sermos Dele. Afinal de contas, quando todos nos viram as costas, não é para o o nosso seio familiar corremos? Mas além deles, nós também temos um Pai no céu que quer nos acolher. Não só nos momentos de aperto, mas em todos os momentos. Os braços do Pai estão abertos para te receber, seus ouvidos atentos para te ouvir e suas mãos estendidas para te afagar. Como você vê Deus? Veja como Jesus, Ele conhece o Pai e nos mostra o caminho. 

O Senhor Jesus veio ao mundo para dar exemplo de filho, não só de Mestre e Senhor. Nós vemos, não só nessa oração, mas em toda a sua vida, ele dando exemplo de como ser um bom filho para o Pai celestial. Dava pra citar inúmeros textos dele falando do Pai e com o Pai nos evangelhos. Quem lê sabe disso. Aprenda com o Mestre, sobretudo, a ser filho. Ele é o exemplo perfeito.

Existem muitas formas de vocês verem a Deus. Eu escolho a forma que Jesus nos ensinou, a de Pai. E você, qual a forma que você prefere?

Que o Pai te abençoe! 

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