A melhor definição de amor está nas palavras de Paulo na primeira carta aos Coríntios, capítulo 13. Esse texto entrou para o cânon da literatura religiosa e secular. O amor citado por Paulo está nas canções, poesias e sermões ao longo da história. Mas será que todos entenderam de fato o que é o amor?
Vamos ao que Paulo disse em duas partes:
A primeira é o que não é amor...
"Ainda que eu fale a língua dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como um prato que retine. Ainda que eu tenho o dom de profecia e saiba todos os mistérios e tido o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover os montanhas, mas não tiver amor, nada serei. Ainda que eu dê aos pobres tudo o que eu possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá."(v.1-3).
Nós costumamos chamar de amor aquilo que não é amor. Desde sempre foi assim. Confundimos amor com ter ou fazer alguma coisa, quando, na verdade, amor é uma questão de ser. Me comunico bem com o mundo físico (homens) e com o mundo espiritual (anjos), tenho o dom de falar em nome de Deus através de profecias, sei dos mistérios e das ciências, tenho tanta fé que transportar montanhas não é um problema para mim e, além disso tudo, sou tão desprendido de bens que sou capaz de dar tudo o que eu tenho, inclusive minha própria vida por uma causa, se for preciso. Você acredita que tudo isso pode acontecer sem um pingo de amor? Mas, nós, vendo de fora, vemos em tais atos um modelo de amor. Tudo pode ser produto do ego disfarçado de amor. Porque o ego não está relacionado com o "ser amor ", mas com o "parecer ser" através do ter e fazer. Então, se não sou, eu simplesmente faço e tenho somente.
A segunda parte é o que é o amor...
"O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não senira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca acaba." (v. 4-8).
Paulo, consciente ou não, descreve Jesus através da sua explanação sobre o que é amor. Não é atoa que o apóstolo João diz na sua carta que "Deus é amor". Jesus é a expressão exata do amor, é a encarnação do mesmo. Portanto, o amor não tem nada a ver com si mesmo, o que tem a ver com si mesmo é o ego. Quando o foco é somente o que eu tenho e o que eu faço, por mais que pareça amor, o foco sou eu. Esse é o amor a imagem e semelhança do ego, não de Jesus.
O amor é paciente...
O ego se alimenta de resultados imediatos e voltados para si. O amor não tem a mínima pressa e está disposto esperar pelo bem de todos. Quando escolhemos amar, nem sempre o outro é ou está do jeito que nos agrada. Mas, se há amor, nós não desistimos do outro, porque o amor é paciente.
O amor é bondoso...
O amor é bondoso, e quando praticamos a bondade, os alvos não somos nós, mas o outro. O amor é para o outro. O ego pode praticar a bondade em atos, mas se não há nenhum benefício para si, ele rejeita.
O amor não inveja...
A inveja é um dos filhos prediletos do ego, pois é através da inveja que desejamos aquilo que nem é nosso e sofremos por isso. O amor não inveja, porque não necessita ter aquilo que não é seu e é completo com o que se têm. Além do mais, o amor se alegra com as conquistas do outro.
O amor não se vangloria, não se orgulha...
Ah, nem preciso dizer que o ego não existe sem nos vangloriamos e nos orgulharmos. Esse é o combustível do ego. Se não há auto-exaltação, há amor. Se há auto-exaltação, há um ego dominante. O amor não precisa de nada disso. Quem ama é feliz tendo o reconhecimento dos homens ou não. O que importa para o amor é a simplicidade de ser.
Não procura seus próprios interesses...
Eu adoro essa parte. O amor é desprendido de si. O amor não precisa viver uma vida para realizações pessoais somente. Qual o interesse do amor? Paulo responde: não é o nosso. O amor está constantemente em busca do contentamento do próximo e, se o próximo está feliz e amado, eu estou feliz e realizado. Já o ego é o oposto disso. Até mesno em um relacionamento amoroso estável, com uma relação aparentemente saudável, o ego está ali. Sabe por que? Porque há reciprocidade. Basta acabar a reciprocidade de um dos lados, que o amor acaba e o ego mostra a cara. Aquilo que o ego chama de amor, nada mais é do que "eu te dou amor, se você me der de volta". Caso o contrário não há amor, porque uma relação amorosa baseada no ego necessita de reciprocidade pra existir. Isso não é amor, pois o amor não busca seus próprios interesses e nem depende do amor do outro para amar.
O amor jamais acaba...
Uma coisa completa a outra. Se eu não dependo do amor de outro para amar, então, o amor jamais acaba. O "ser amor" não depende de circunstâncias para existir, ele é. Ele é independente de qualquer coisa. No universo egoísta o amor acaba e começa o tempo todo. Mas isso não é amor, é relação baseada em si com a militância do ego.
O amor é eterno e inabalável. Veja se o que está no seu peito é amor ou ego disfarçado de amor. O amor não confunde. Já o ego grita quando você não é o centro das atenções.
Que o Senhor nos permita amar com o verdadeiro amor e nos livre das encenações do ego.
Que Deus te abençoe.