Agora que sabemos que Deus tem o prazer de estar no meio de nós (vide o último texto), não só no novo testamento, através de Jesus, mas ao longo de toda a história, precisamos estar perceptíveis ao modo como ele se manifesta.
O Evangelho de João, no capitulo 1, diz o seguinte: "Aquele que é a Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam." (v.10 e 11). É interessante perceber, quando falamos de Deus no meio de nós, que quando Jesus esteve aqui, muitos não o reconheceram e nem o receberam como o próprio Criador.
Jesus é o Emanuel proferizado por Isaías: "Por isso o Senhor mesmo lhes dará um sinal: a virgem ficará grávida a dará à liz a uma filho, e o chamará Emanuel." (Isaías 7:14). Deus esteve literalmente conosco e como um de nós em Jesus. Nasceu, se desenvolveu, aprendeu, ensinou e morreu. Mas, como disse João, o criador do mundo esteve no mundo e o mundo não o reconheceu. É como se eu chegasse em casa a noite e o meu filho não soubesse quem eu era, ou então a mamãe águia, após buscar comida, voltasse e fosse rejeitada pelos seus filhotes. Nós não conseguimos reconhecer Deus quando ele se apresentou no meio de nós através de Jesus. Deus se tornou um estranho. Ou então criamos um Deus a nossa imagem e semelhança a ponto do verdadeiro Deus habitar entre nós e nós não o percebêssemos. É sobre isso que João fala e é essa, ainda hoje, a realidade de muitos que se dizem filhos de Deus.
A aparência de Deus, enquanto encarnado, pouco importa. Mas a essência a gente tem obrigação de conhecer. Jesus diz que a ovelha reconhece o pastor pela sua voz. A ovelha pode estar cega, mesmo assim ela reconhecerá o seu pastor, pois não necessita de exterioridades para percebê-lo. A relação dela com o pastor é tão íntima, que ela nunca será confundida com lobo algum disfarçado de pastor, porque ela conhece e se relaciona com a sua essência. E essa essência de Deus está o tempo todo no nosso dia a dia, mas nos destraímos demais com aparências.
Eu amo quando a Bíblia fala da pós-crucificação de Jesus. Antes de Jesus ser elevado aos céus, após sua morte, ele ainda permaneceu na Terra por mais 40 dias. Primeiro ele apareceu à Maria Madalena no sepulcro, porém ela não o reconheceu de cara. Ela achava que ele era um jardineiro. Até que Jesus a chamou pelo nome e ela exclamou: "Raboni!", que quer dizer mestre. Maria nunca confundiria aquela voz que um dia a chamou para seguí-lo e mudou a sua vida. Assim como a ovelha que não confunde a voz do seu pastor, Maria não foi confundida e reconheceu o Mestre, agora ressuscitado.
Após isso, Jesus apareceu na casa onde os apóstolos estavam. Tomé não o reconheceu. A incredulidade de Tomé era tanta que aquela figura que estava diante dele era qualquer outra pessoa, menos Jesus. Até que ele pediu uma prova, um toque nas suas mãos e no seu lado, e Jesus o permitiu. Tomé creu, mas Jesus deixou um alerta a todos dizendo que era muito mais feliz aquele que cresse nele sem precisar de aparências e exterioridades humanas, "bem aventurados os que não viram e creram." (João 20:29).
Mas a passagem pós-crucificação que me chamou mais a atenção foi a que Jesus aparece na praia, porém sua aparência não era familiar aos discípulos, que ali estavam pescando. Para eles, era um homem comum como tantos outros que frequentavam à praia. Como aquela tentativa de pesca foi frustrada, recolheram suas redes e voltaram para a areia. No entanto, aquele homem foi ao encontro deles e sugeriu que jogassem a rede novamente. Eles prontamente obedeceram, mesmo cansados e mesmo sem terem a menor ideia de quem fosse o homem. Lançaram a rede e a pesca foi abundante. Logo reconheceram que era o Mestre, mas não demostraram de cara.
Parece que em todas essas aparições, principalmente na última, Jesus queria ser reconhecido não pela sua aparência. Sua aparência não importava mais. Jesus queria saber se os seus conheciam a sua essência. Com Maria foi através da sua voz chamando o nome dela. Com os discípulos na praia foi através da memória afetiva de um milagre tão particular a Pedro, que seria impossível não reconhecer que era o Mestre. Na verdade, não foi só o milagre da pesca maravilhosa no iníciodo ministério de Jesus, mas a conversão de Pedro que ocorreu logo após isso. Pedro nunca se confundiria.
Podemos perceber nos textos pós-ressurreição, que Jesus não estava o tempo todo com os discípulos. Foram 40 dias aparecendo a eles de formas variadas. Sabemos de algumas, porém podemos imaginar tantas outras. Agora, conjecturando, Jesus pode ter aparecido em tantas casas, famílias e situações nesse período para tanta gente. Pode ter sido aquele estranho no velório a consolar, aquele samaritano que para pra acudir o homem agredido no caminho, aquele idoso sábio que aparece no seu caminho e te dá um conselho e desaparece, pode ter sido tanta coisa e em tantas ocasiões. Fisicamente não importava mais a sua aparência, mas a sua essência sempre esteve no meio de nós. Mas quem consegue percebé-la?
Após esses 40 dias, Jesus foi elevado aos céus. Alguns puderem ver e testemunhar. Então, desde então, Deus deixou de estar no meio de nós? De maneira nenhuma. Ele nos enviou o Espírito Santo, o Consolador, para habitar em nós. Deus está no meio de nós através de nós, seus Filhos. Mas não só desta forma, Deus não se limita a uma forma de agir. Ele continua entre nós de infinitas formas e maneiras. Reparem bem, Ele está no meio de nós. E como é triste não perceber isso. Acreditamos piamente que Deus está no meio da religião, mas Deus está por toda a parte e nos lugarem que a gente menos imagina.
Hebreus 13:2 fala de algo muito interessante: "Não vos esqueçais de praticar a hospitalidade; pois agindo assim, mesmo sem perceber, alguns acolheram anjos.". Vocês conseguem dimensionar isso? É profundo demais! Quem vive para amar o próximo, encontra com Deus o tempo todo, mesmo sem perceber. Hebreus fala de anjos, mas a própria Bíblia nos faz entender que se trata do próprio Senhor também. No caminho do amor a gente sempre encontra com o Senhor. Esbarramos com Ele o tempo todo e de diversas maneiras. Ame o próximo e sua rota colidirá com o Senhor o tempo todo naturalmente.
Não se deixe levar pelas distrações da vida, pois elas te impedirão de ver o Senhor na sua multiforme maneira de agir no nosso mundo. Como disse o Senhor Deus através do profeta Jeremias: "Vocês me procurarão e me acharão quando me procurarem de todo o coração." (Jeremias 29:13). Olhem e vejam, Ele está no meio de nós.
Que Deus te abençoe.
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