quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Em Busca da Autenticidade Perdida

Vocês já pararam para pensar que só existe um de nós na história da humanidade? Jamais haverá outro você. Já passou uma quantidade incontável de pessoas por esse mundo, mas você só existe um. Agora imagine a história da humanidade como um imenso filme. Qual seria o seu papel nele? Qual a sua relevância nessa história? O que falarão de você quando sair de cena? Você deixará saudades ou deixará alívio? Ou, quem sabe, você sequer será lembrado? Nós, cristãos, sabemos muito bem que a nossa existência tem um propósito. Não estamos aqui a passeio. Mas, as vezes, esquecemos disso e vivemos carregando um fardo que chamamos de vida. Viver tem sido um grande sacrifício para cada um de nós. Mas será que o nosso propósito é sobreviver somente ao invés de desfrutarmos da oportunidade de atuarmos nesse imenso filme com alguma relevância?

Ultimamente tenho retornado com frequência ao passado. Não que eu queira, mas Deus tem me conduzido a momentos da minha vida que, de alguma forma, ficaram mal resolvidos. Confesso que não sei explicar, mas o que eu posso dizer é que essa regressão tem me feito ver o quanto o meu presente é falho. E a maior falha que podemos cometer é não sermos de fato aquilo que verdadeiramente somos. Ao ver meu passado e compará-lo com o meu presente, percebi que alguma coisa em mim ficou para trás. Nos esforçamos demais para parecer ser aquilo que querem que sejamos, que terminamos deixando para trás aquilo que na verdade somos, a nossa autenticidade. 

É esse ser autêntico que Deus escalou para o filme da humanidade. Porém, no meio do processo, nos achamos no direito de reescrever o roteiro. Nos apropriamos de características e personalidades que nunca foram nossas para nos adequarmos ao mundo que nos cerca. E assim, carregamos um fardo completamente desnecessário. Dá um trabalho danado não ser o que se é. E quando percebemos que esse fenômeno acontece? Quando a vida se torna um peso quase que insuportável.

Nós precisamos uns dos outros para percorrer a jornada da vida, mas mesmo que não haja ninguém do nosso lado, a nossa autenticidade será suficiente. Quando somos autênticos, nos tornamos a nossa melhor companhia. Mas, quando nos tornamos um personagem de nós mesmos, nos momentos mais difíceis é que percebemos o quanto é insuportável conviver conosco. Contudo, entenda, você não se odeia, você odeia a caricatura que criou de si mesmo. Nenhum personagem criado por nós se compara ao que Deus planejou para sermos. 

Deus se relaciona com esse ser autêntico. Porém, se você trocou seu verdadeiro eu por um personagem, infelizmente, não haverá Deus nessa jornada. Isso explica muito a nossa decepção com Deus. Queremos que Deus se relacione com o que nos tornamos e chagamos a achar que Ele se esqueceu de nós. Tudo o que ouvimos é um eterno silêncio, porque Deus não tem parte com personagem algum. Deus tem ligação direta com o nosso eu de verdade. Foi esse que Ele arquitetou, assim como arquitetou o sol, o mar, os animais e toda a criação. Tudo tem um propósito, por que você não teria?

A maior conversão que o ser humano pode experimentar é a conversão para si mesmo. É o retorno para o seu verdadeiro eu. Aquele que foi criado e planejado por Deus, para louvor e glória do Seu Santo Nome. Não importa o que pensam sobre você, nunca viva para agradar as pessoas. Isso acarreta no nosso maior drama: de deixar de ser o que na verdade somos. Deus te fez uma pessoa com o senso de humor apurado, então por que você se tornou essa pessoa mau humorada? Deus te planejou como alguém que arranca sorrisos espontâneos das pessoas por onde você passa, então por que as pessoas mudam os seus semblantes quando você chega? O que te adoeceu? O que te fez vestir esse vilão da história? Não, esse não é você. Lembra como você era romântico? Mas, agora, por causa de muitas desilusões, você escolheu ser frio. Afinal de contas, quem não ama nunca sofrerá por amor. E você acreditou nisso, não é? Saia dessa, essa não é você. Por que você se tornou esse militante de sabe-se lá o que? Você brigou com a sua família e amigos. Perdeu a admiração por pessoas que você tanto se espelhava. Por que? Você sabe que algo dentro de você te faz essas perguntas. Sabe quem é? É o seu verdadeiro eu. Ele está dentro de você acuado, trancado em uma masmorra do seu ser, ofuscado pelo personagem sem graça que você se tornou. Caia fora disso. Personagens não existem. É como se existissem, mas são meras criações caricatas. O seu ser autêntico é muito mais interessante que isso. 

A autenticidade não é confundida. Todos saberão quem é você. Você passará a verdade por onde quer que for. Não se importe com essas vozes na sua cabeça que te mandam mudar o tempo todo. Mudar pra quem? Mudar pra que? Seja você! Pague o preço por ser você! As pessoas vão te amar pelo que você é e, o melhor, você se amará e encontrará lugar nesse imenso e lindo filme que Deus escreveu para a humanidade.

Aqui eu deixo um trecho de uma canção de Caetano, cantado por Gal, que nos deixou essa semana:

"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é."

Que Deus te abençoe. 


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