Se tem um título que o cristão gosta de ser denominado é: Cidadão de Bem. Nós realmente acreditamos nisso. Quantas vezes batemos no peito mediante a alguma acusação ou mediante a um ato que julgamos ser justo e dizemos: "pera lá, eu sou um cidadão de bem!", ou então: "na minha casa não entra esse tipo de gente, aqui nós somos cidadãos de bem!". Se você leu a Bíblia com atenção e se viu nela como mau, a expressão "cidadão de bem" deveria causar uma certa estranheza aos seus ouvidos.
Eu queria te falar algo mais doce, mas não foi isso que Deus mandou. A igreja de Cristo não é feita por "cidadãos de bem", mas por pessoas más, porém amadas, arrependidas e submissas ao Deus que é de bem. Só Ele é bom. Aliás, Deus não divide a glória dele com ninguém. E o que a glória tem a ver com a bondade? Tudo! A glória do Senhor não está só no seu poder, na sua criação ou na sua santidade. A sua glória está, sobretudo, na sua bondade. O próprio Deus disse isso:
"Então disse Moises: 'Peço-te que me mostres a sua glória'. E Deus respondeu: 'Diante de ti farei passar toda a minha BONDADE'". (Êxodo 33:18 e 19a)
Moisés queria ver a glória de Deus e Deus revelou à sua bondade. Pode parecer bonitinho querer ser visto como bom pelos outros, mas agindo assim podemos estar tomando posse de uma glória que não é nossa. A nossa beleza está na nossa humaninade. Nós ansiamos pela glória de Deus, Deus anseia pela nossa mais simples humanidade. Então, seremos praticamentes da maldade? Em hipótese alguma. A Palavra nos diz para fugirmos da aparência do mal. Então, fugindo da aparência do mau seremos cidadãos de bem? Não, continuaremos maus, porém com nojo e vergonha da nossa maldade.
Intitular-se "cidadão de bem", nos coloca numa posição perigosa. Porque, geralmente quem se auto denomina assim, se considera realmente uma pessoa boa e, consequentemente, melhor que tantos outros. Pode parecer nada demais, mas a ideia de ser um cidadão de bem nos coloca num patamar que não nos pertence. Somos cidadãos maus, todos. Paulo é muito claro quanto a isso: "Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus". (Romanos 3:23). Somos maus, porém amados. Então, somos cidadãos conscientes da nossa maldade e gratos por conhecermos a bondade do único que é bom.
Um lugar onde isso fica ainda mais evidente é na igreja. Ou melhor, na religião. Os adeptos tendem a se achar pessoas de bem. Não sei vocês, mas quando eu era novo convertido, eu tinha a ideia de que todos, ou a maioria que estavam ali, eram pessoas irrepreensíveis. Com isso, cada deslize que eu cometia me fazia me sentir indigno de estar ali com aquelas pessoas de bem. Essa ideia não é necessariamente exposta ou ensinada, mas o meio nos faz ver assim. É um status que as pessoas gostam de gozar. Porém, não só a minha, mas a realidade de muitos ali era de cometer deslizes. Afinal de contas, é uma assembléia de maus, amados, mas maus. Por isso, o pecado não deveria ser nenhum escândalo. Não é verdade? Mas gostamos, mesmo que sem percebermos, de carregar conosco essa aparência de bondade. Mal sabemos que esse tiro sempre sai pela culatra. Se o nosso pecado não é exposto e julgado pelos outros, nossa consciências se trata de julgar e nos lembrar que nós somos maus. E por que a nossa maldade é um tabu, visto que não é um privilégio de alguns? É porque o nosso ego nos faz acreditar que nos tornamos "cidadãos de bem" e como tais, não podemos expor nossa maldade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário