segunda-feira, 16 de novembro de 2020

A MORTE DA CREDIBILIDADE



"Porquanto trocaram a verdade de Deus pela mentira..."

"...Seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso..."

(Romanos 1:25 e 3:4)


Vivemos em um tempo marcado pelo desconfiança mútua. Ninguém consegue confiar 100% no outro. Mesmo aquele que dizemos confiar, na verdade, confiamos mais do que em uma outra pessoa, mas nunca por inteiro. Mesmo sem perceber fomos ensinados a desconfiar de tudo, a começar pela desconfiança conosco mesmo. 

Esses dias de eleições me fazem pensar muito sobre o tema. Já nos acostumamos a olhar um político e julgá-lo antes mesmo que ele começa a falar. Não estamos nem um pouco errados, eles não nos passam credibilidade. Então, passamos a votar naqueles que sabemos que mentem, porém mentem menos. A que ponto chegamos! Ou então votamos naquele que é notoriamente corrupto, porém fez algo de bom enquanto governante. É uma relação promíscua, mas normal nos nossos dias. Outras pessoas simplesmente anulam o voto, enterrando de vez qualquer esperança em encontar credibilidade nesse tipo de gente.

Mas o que é o político? É uma pessoa como eu e você. Falamos sobre políticos como se eles fossem seres diferentes e merecessem uma análise específica. Não, eles são pessoas como nós, só que ocupam cargos públicos e seus atos se tornam públicos. Mas e nós? Prometemos e cumprimos? Qual o grau de credibilidade que passamos para outras pessoas? Será que no nosso íntimo nós somos tão diferentes dos políticos? De fato não, porque a questão não é sobre políticos, mas é sobre pessoas. 

Reconhecer que vivemos uma crise de credibilidade é um passo importantíssimo para entendermos a sociedade que estamos inseridos e, por consequência, entendermos a nós mesmos enquanto atores dessa sociedade. A nossa sociedade é construída sobre o pilar (se é que podemos chamar assim) da desconfiança. Nós somos tão bons nisso, que aprendemos até a lidar com isso. Se a falta de credibilidade é uma árvore, os frutos são relações superficiais e sem vida. Uma sociedade que é formada sobre esse fundamento é uma sociedade fadada ao fracasso relacional. Bom, não é muito difícil perceber isso nos nossos dias. 

Pensando a nível espiritual, só consigo imaginar o diabo feliz com isso. Um mundo onde as pessoas não confiam umas nas outras é o solo perfeito para a sua colheita. Se eu não confio em ninguém por inteiro e ninguém confiam em mim, nutrimos ciclo vicioso que vai resultando aos poucos em pessoas cada vez mais solitárias, embora rodeadas de tanta gente. É uma arma e tanto do diabo, vocês não concordam? Ele cria artifícios para ir nos minando aos poucos. Astuto, ele age sorrateiramente nos colocando em situações que julgamos não terem solução. Então, nos adaptamos a essas situações e abrimos mão de sermos serem por inteiro, nos contentando com partes. 

Pense em um relacionamento amoroso. Tudo está perfeito até entrar a desconfiança entre o casal. A desconfiança é uma doença que vai matando o amor aos poucos. É horrível aquela sensação de que você não consegue confiar mais na pessoa que você ama ou amava. Quando se perde a credibilidade junto com ela se perde a força de reagir. Então algo bonito e abençoado se torna algo amargo e sem vida. Tudo por causa da nossa crise de credibilidade. Só Deus pra solucionar isso. 

Então eu chego ao ponto mais complicado nessa história toda. Se fomos adestrados a desconfiar de tudo, então, desconfiamos de Deus também. "Xeque-mate!", diz o diabo. Um homem que se diz ser seguidor de Deus, mas tem com Deus um relacionamento pautado pela desconfiança, assim como tem com outros homens, não pode ter um relacionamento com Deus. Não um relacionamento saudável, não um relacionamento de verdade. Já falei sobre isso aqui, mas vou repetir: Deus não se relaciona com partes, Deus se relaciona com inteiros. A falta de credibilidade nossa nos levou a olhar para Deus com um olhar desconfiado. Bom, nem preciso dizer que Deus não tem nada a ver com os nossos problemas e  com a forma adoecida que enxergamos a vida. 

Não seria diferente em um sociedade com relacionamentos adoecidos, pessoas se aproximarem do Deus que tem TODA credibilidade com desconfiança. Precisamos resolver isso, é um problema nosso não de Deus. Deus é 100% confiável, nós não. Mas agora não estamos falando de homens, mas estamos falando de Deus. Não é sobre a nossa incapacidade de passarmos credibilidade, mas é sobre fazermos de Deus homem por causa dos nossos enganos. Isso é grave. 

Quem se aproxima de Deus tem que ter a percepção que ele é 100% confiável. Tudo que ele diz é verdade e tudo o que ele faz é bom. Essa é a nossa crise. O vírus da desconfiança tomou o nosso ser a ponto de desconfiamos de Deus. 

Só existe uma forma de resolvermos isso, e essa forma de chama Fé! E fé não é acreditar que Deus existe, mas acreditar nele! É dar total crédito a ele. É confiar com todas as forças nele apesar das circunstâncias não serem sempre favoráveis. Na verdade quase nunca são, mas Deus espera de nós confiança. Essa confiança fará nos lançar de abismos se for necessário, enfrentar leões em covas, duelar com gigantes, atravessar mares, herdamos vida eterna. Só a confiança faz isso, esse é o nosso papel. Assim é a fé! A parte de Deus é ser Deus, a nossa parte é confiar. Pedro quando andou sobre as águas ele olhou para Jesus e andou no sobrenatural. O que fazia Pedro andar foi a Palavra de Jesus que dizia "vem!". Mas Pedro logo afundou porque tirou os olhos daquele que tem toda a credibilidade e olhou para o mar, olhou para si e se deparou com a desconfiança. 

Deus não tem culpa se não somos confiáveis, ele é! Então se aproximar de Deus é se aproximar de alguém confiável. Essa é mais uma das obviedades que de tão óbvias não são absorvidas por aqueles que se dizem filhos de Deus. Que tratemos das nossas desconfianças, primeiro com os nossos próximos e, principalmente, com Deus. Só assim o conheceremos como ele é e como nós somos!

Que Deus te abençoe. 

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